Previsões para 2023: recessão e fim da guerra Rússia-Ucrânia
Em 2023, serão o centro de atenções, mais uma vez, a guerra na Ucrânia, os altos preços dos alimentos e da energia, a transição para um mundo sustentável e o posicionamento da China pós-pandemia.
A Ucrânia tem recuperado o território perdido, após a invasão da Rússia. Assim, 92% dos membros da Câmara de Comércio Americana, com sede em Kiev, confiam que seja o país de Zelensky que vencerá a guerra.
Na última pesquisa da Câmara de Comércio, cerca de 77% de seus membros disseram acreditar que a guerra terminará em 2023, já 12% acredita que será em 2024.
A guerra Rússia-Ucrânia afeta a produção e o comércio de várias commodities importantes, particularmente aquelas que ambos os países exportam, incluindo energia, fertilizantes e grãos.
O economista sênior do Grupo de Perspectivas do Banco Mundial, John Baffes, disse que, embora os preços das commodities devam recuar em 2023, ainda permanecerão altos, nos próximos dois anos.
Embora os preços dos alimentos devam cair cerca de 11%, em 2023, não é provável que voltem aos níveis pré-pandêmicos, de acordo com Covington, da AgAmerica.
Patrick De Haan, chefe de análise de petróleo da GasBuddy, disse que o preço do combustível “provavelmente permanecerá alto”. Além disso, deverá aumentar ainda mais no inverno, já que o diesel e o óleo de aquecimento são essencialmente o mesmo produto, mantendo a demanda elevada.
O aspecto positivo da guerra na Ucrânia é que a crise energética impulsionou a procura por energias renováveis. As nações se vêem obrigadas a produzir energia de forma mais eficiente e, sobretudo, dentro das fronteiras nacionais, reduzindo a dependência de outros países.
A BDO Global prevê que a geração de energia solar continuará a crescer nos próximos anos, superando um terawatt (um trilhão de watts) de energia, até 2023.
Além disso, a BDO Global prevê um investimento privado mundial de 600 bilhões de dólares em tecnologia climática, até 2023. O objetivo é investir em processos, produtos ou serviços que reduzma os impactos ambientais negativos.
A notícias sobre o alto investimento em energias renováveis, no entanto, são ofuscadas pelas análises sobre a economia mundial. O Fundo Monetário Internacional alertou: “O pior ainda está por vir. Para muitas pessoas, 2023 será um ano de recessão”.
Enquanto alguns especialistas expressam temores de uma recessão mundial, outros são menos pessimistas. Mesmo assim, todos concordam que o crescimento global diminuirá ainda mais em 2023.
A economia “frágil” que enfrentamos hoje é um resultado direto da guerra da Rússia contra a Ucrânia. A crise energética gerada pelo conflito estimulou a inflação em todo o mundo, segundo um comunicado feito pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE ).
A OCDE, ao contrário do FMI, afirmou que o mundo provavelmente evitará a recessão, graças às maiores economias da Ásia: Índia e China.
O crescimento econômico do próximo ano está nas mãos das principais economias asiáticas, que responderão por quase três quartos da expansão do PIB mundial, enquanto os Estados Unidos e a Europa têm tendência a desacelerar, informou a OCDE.
Ao mesmo tempo, alguns especialistas apontaram que a rígida política “Zero Covid”, da China, pode ter um enorme impacto na economia de todo o mundo.
Alicia Garcia Herrero, economista-chefe da região Ásia-Pacífico, do banco francês Natixis, argumentou em um artigo, publicado no Asia Times, que a política "zero-Covid" da China poderia ter um impacto econômico ainda mais negativo do que a guerra na Ucrânia.
No artigo, a economista lembra que a China é a segunda maior economia do mundo, 10 vezes maior que a da Rússia.
As consequências no próprio crescimento econômico da China já estão presentes, principalmente no setor de serviços. Além disso, a manufatura também sofre graves cortes, já que algumas empresas decidiram fechar suas portas temporariamente.
Garcia Herrero apontou que uma interrupção prolongada da indústria manufatureira da China seria um grande choque para a economia mundial, já que o país exporta até um terço dos bens intermediários do mundo.
Alguns especialistas, como Zanny Minton Beddoes, editor-chefe do The Economist, dizem que, por todos os fatores mencionados, a recessão de 2023 será inevitável.