Putin admite que a Rússia sofreu perdas e carece de armas modernas
A "operação militar especial", como a Rússia denomina sua invasão à Ucrânia, pode não estar a ir tão bem quanto os líderes em Moscou esperavam.
“Nos últimos dias, vimos perdas [russas] significativas na Ucrânia, que superam o número clássico”, explicou Putin em um vídeo postado pelo Kremlin e traduzido pelo The Daily Beast.
Putin explicou que as Forças Armadas russas têm lidado com problemas com sua artilharia, já que o país não possui sistemas modernos suficientes, no momento.
“Sim, ainda não temos o suficiente dessas armas modernas, mas a indústria de defesa, o complexo militar-industrial do país está a desenvolver-se rapidamente”, disse.
Quem deu detalhes sobre o assunto foi o editor-chefe do Relatório das Forças de Operações Especiais, McCardle.
“Especificamente, os russos estão prestes a ficar sem tanques de batalha principais e mísseis balísticos”, disse McCardle à Newsweek. “Isso é evidenciado pelo fato de eles estarem a usar tantas bombas planadoras, hoje”, explicou.
“Eles ainda têm mísseis de cruzeiro, mas estes, é claro, são muito caros, e simplesmente não podem ser disparados à vontade”, disse McCardle.
Para a analista Shannon Vavra, do Daily Beast, a declaração de Putin sobre seus atuais problemas na Ucrânia foi um "afastamento total" da posição anterior do Kremlin sobre a guerra.
Entretanto, esta poderia ser uma tentativa de Putin de distanciar-se da guerra, ou parte de um plano do Kremlin “para ajustar as expectativas dentro da Rússia”, segundo o artigo do The Daily Beast.
Em janeiro, Putin afirmou, em uma entrevista com Rossiya 1, logo após as forças russas capturarem a cidade de Soledar, que a operação militar especial na Ucrânia estava dando certo.
"A dinâmica é positiva. Tudo tem se desenvolvido no âmbito do plano do Ministério da Defesa e do Estado-Maior", disse Putin.
"E espero que nossos combatentes nos agradem ainda mais com os resultados de seus combates", acrescentou o presidente da Rússia. De fato, vários assentamentos foram, posteriormente, capturados, bem como a grande e cobiçada cidade de Bakhmut, que custou caro ao Grupo Wagner da Rússia.
O líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, afirmou que 20.000 de seus soldados mercenários morreram tomando a cidade. As estimativas apontadas pelas autoridades estadunidenses, no entanto, foram de cerca de 100.000 baixas.
Seja como for, o número de mortos e feridos não impediu Putin de continuar seus ataques. Em seu discurso sobre a contraofensiva da Ucrânia, ele disse que as forças ucranianas não estavam tão fortes, mas admitiu seu valor.
“Pode-se afirmar que todas as tentativas de contraofensiva feitas até agora falharam, mas o potencial ofensivo das Forças Armadas da Ucrânia ainda foi preservado”, explicou Putin. Por sua vez, as autoridades ucranianas garantem que a ofensiva fez um bom progresso.
Em 12 de junho, a vice-ministra de Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, afirmou que os militares do país haviam retomado pelo menos quatro vilas no leste de Donetsk e prometeu: “Liberaremos todas as terras ucranianas” .