Putin aprova mudanças perigosas na doutrina nuclear russa
Em 19 de novembro, o presidente russo Vladimir Putin sancionou um conjunto de mudanças na doutrina nuclear da Rússia.
Isso pode significar, de acordo com o pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa para a Paz e Política de Segurança da Universidade de Hamburgo, Alexander Graef, "que a Rússia está a reduzir o limite para lançar um ataque nuclear, em resposta a um possível ataque convencional", publicou a Reuters.
A decisão de Putin ocorre poucos dias após relatos indicarem que o presidente Joe Biden autorizou a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance de fabricação americana (ATACMS) na região russa de Kursk.
A França e o Reino Unido também teriam dado permissão à Ucrânia para usar seus mísseis de longo alcance SCALP e Storm Shadow dentro do território russo, de acordo com o jornal francês La Figaro.
A revisão na doutrina nuclear da Rússia já havia sido anunciada por Vladimir Putin durante uma reunião do Conselho de Segurança Russo, no dia 24 de setembro, segundo o Moscow Times.
Na ocasião, Putin disse que a iniciativa era resultado do “surgimento de novas fontes de ameaças e riscos militares para a Rússia e aliados”, de acordo com o The Washington Post.
“A versão atualizada do documento propõe que a agressão contra a Rússia por qualquer estado não nuclearmente armado, mas com a participação ou apoio de um estado nuclearmente armado, deve ser considerada como um ataque conjunto à Federação Russa”, afirmou Putin.
De fato, em 29 de setembro, o secretário de imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov, revelou que o Ministério da Defesa russo receberia, em breve, autorização para determinar se as condições justificam o uso de dispositivos nucleares em conflitos futuros.
“Essa é a prerrogativa dos nossos especialistas, nossos militares, que estão monitorando de perto as armas usadas e como elas estão sendo empregadas”, disse Peskov aos jornalistas.
Ele acrescentou que os militares eram responsáveis por rastrear qualquer “envolvimento direto” que as nações ocidentais tivessem na guerra em andamento na Ucrânia.
Putin explicou, segundo o The Washington Post, que as condições de um lançamento nuclear em resposta a um ataque teriam em conta “informações confiáveis sobre um lançamento massivo de meios de ataque aeroespacial e sua travessia da fronteira do Estado russo”.
“Nós nos reservamos o direito de usar armas nucleares em caso de agressão contra a Rússia e Belarus como um membro do Estado da União”, acrescentou o presidente ruso, colocando o país aliado sob seu guarda-chuva nuclear.
Putin declarou também que a Rússia poderia lançar armas nucleares não apenas como uma resposta à aviação, mas também a “mísseis de cruzeiro, drones, aeronaves hipersônicas e outras”, observou o site Militarnyi.
O Chefe de Gabinete do Presidente Volodymyr Zelensky, Andriy Yermak, minimizou a nova doutrina nuclear da Rússia, de acordo com o The Guardian: “A Rússia não tem mais nenhum instrumento para intimidar o mundo além da chantagem nuclear. Esses instrumentos não funcionarão.”
Em 26 de setembro, o porta-voz da União Europeia, Peter Stano, disse que a Rússia estava "jogando uma aposta com suas armas nucleares", de acordo com o Ukrainska Pravda.
"Nós, é claro, rejeitamos veementemente essas ameaças e a posição da União Europeia permanece inalterada", acrescentou Stano.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chamou os comentários do presidente russo de "totalmente irresponsáveis" durante uma entrevista à MSNBC.
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