Putin pode haver mudado estratégia na Ucrânia, segundo Inteligência do Reino Unido
A estratégia da Rússia para conquistar a Ucrânia, provavelmente, mudou, de acordo com novas informações publicadas no Twitter da Defence Intelligence, departamento do Ministério da Defesa do Reino Unido.
“Desde 2014, o objetivo estratégico da Rússia na Ucrânia provavelmente tem sido consistente: controlar seu vizinho”, diz o post.
A Inteligência britânica observou que, por mais de oito anos, Vladimir Putin e seus oficiais militares perseguiram o objetivo da Rússia na Ucrânia, por meio de uma política de supervisão e fomentando a guerra na região de Donbass, ao anexar a Crimeia.
“Em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia adotou uma nova abordagem e lançou uma invasão em grande escala, que tentou tomar todo o país e depor seu governo”, diz o órgão.
E continuou: “Em abril de 2022, a Rússia percebeu que isso havia falhado e concentrou-se em expandir e formalizar seu domínio sobre o Donbass e o sul. Fez um progresso lento e extremamente caro”.
O progresso lento e caro da Rússia na Ucrânia é a principal razão pela qual a Inteligência britânica acredita que os planejadores militares russos, provavelmente, mudaram sua estratégia geral para uma que favoreça os pontos fortes da Rússia, ou seja, suas reservas de mão de obra.
“Nas últimas semanas, a Rússia, provavelmente, mudou sua abordagem novamente. Sua campanha, agora, visa degradar o exército ucraniano, em vez de se concentrar em conquistar novos territórios substanciais”.
“A liderança russa provavelmente está a buscar uma operação de longo prazo em que acredita que as vantagens da Rússia em população e recursos acabarão por esgotar a Ucrânia”, acrescentou a atualização da Inteligência do Reino Unido.
A avaliação do Ministério da Defesa britânico sobre a estratégia de mudança de Putin não é nova. Vários especialistas e organizações apostam em um movimento russo em direção a uma estratégia de guerra que favorece o tipo de operações de atrito que podem paralisar a Ucrânia.
Eugene Rumer, membro sênior do Carnegie Endowment for International Peace e diretor do programa Rússia e Eurásia da organização, argumentou, em um artigo do dia 17 de fevereiro, que a guerra havia chegado ao fim de seu começo.
“Putin começou a guerra apostando em uma campanha curta e decisiva. A Rússia era a favorita para vencer rapidamente”, disse Eugene Rumer.
“Um ano depois, Putin tem apostado no oposto – travar uma longa guerra contra a Ucrânia, explorando as vantagens que o tamanho da Rússia, sua economia resiliente e relativa segurança contra retaliação lhe proporcionam”, continuou o pesquisador sênior da Carnegie.
“Do ponto de vista de Putin, esta, provavelmente, será uma estratégia viável para a próxima fase da guerra”, acrescentou Rumer, observando que Putin enfrentou “pouca pressão em casa, por parte de um público dócil”.
Com esta nova estratégia, reforça-se seu eterno objetivo, de acordo com Rumer: tomar toda a Ucrânia.
Em 26 de fevereiro, o diretor da Agência Central de Inteligência estadunidense, William Burns, abordou, sutilmente, o assunto e disse acreditar que o presidente russo estava “confiante demais” nas habilidades de suas forças militares.
"Acho que Putin está, neste momento, totalmente confiante em sua capacidade de desgastar a Ucrânia, de destruí-la. Ele está dando todas as evidências de que está determinado a fazer isso agora", disse Burns.
E continuou: “Em algum momento, Putin também terá que enfrentar custos crescentes, em caixões voltando para casa, em algumas das partes mais pobres da Rússia”.