"Armas e manteiga": a promessa quebrada de Putin aos russos
Os russos podem estar tendo dificuldades de comprar manteiga, atualmente, já que o preço desse produto, em particular, aumentou pelo menos 25% em 2024, de acordo com a Rosstat, a agência estatal de estatísticas.
A situação contradiz a promessa de Putin de que ninguém sofreria nenhuma consequência econômica com a invasão da Ucrânia. O governo poderia fornecer tanto “armas” quanto “manteiga” a todos.
O forte aumento nos preços desencadeou furtos em supermercados, que apelaram por esconder a manteiga em outras embalagens, relata o Moscow Times.
Mas a manteiga não é o único alimento básico a subir vertiginosamente de preço. Uma simples batata custa 56,4% mais que no ano passado.
Outros itens cujo aumento de custo tem feito os russos apertarem os cintos incluem leite e energia, de acordo com a Reuters.
Um comprador disse ao site de notícias: “Todas as manhãs, temos que comer manteiga no café da manhã. Compramos leite, queijo, salsichas, ovos e pão. E para onde foram aqueles 1.500 rublos (US$ 15,35)? É muito caro. Não está claro por que os preços estão subindo.”
No começo de 2024, o presidente russo estimou que gastaria 8,7% do PIB do país em defesa. Diante disso, o aumento do custo de vida na Rússia não é nenhuma surpresa.
Isso é mais do que o governo russo gastou com as Forças Armadas desde a Guerra Fria, que durou 44 anos, entre 1947 e 1991.
O que surpreendeu o mundo é como a economia russa prosperou por tanto tempo, apesar dos gastos enormes na guerra.
Em 2022, quando Putin enviou tropas para o território vizinho e o Ocidente impôs sanções, economistas do mundo todo previram o colapso da economia de US$ 2 trilhões (em escala americana) da Rússia.
De fato, a economia da Rússia cresceu mais rápido que a dos EUA e da maior parte da Europa, transformando-se em uma economia de guerra, relata a Euronews.
Consolidou seus mercados de energia e financeiro e recorreu a aliados como a China, que ajudou com o oleoduto ESPO, para o transporde de petróleo bruto da Rússia para os mercados da Ásia-Pacífico.
Mas sua sorte pode finalmente estar acabando. As taxas de juros estão agora em 21% e o Banco Central está prevendo uma taxa de inflação entre 8% e 8,5% este ano.
Especialistas, como o ex-economista-chefe do Goldman Sachs, Jim O'Neil, duvidam que a situação seja sustentável.
“É tudo por causa dos enormes gastos russos com defesa”, disse O'Neill à Reuters. “Então, acho que a perspectiva de médio a longo prazo é bem sombria.”
Analistas russos alertam que o país pode estar entrando em um período de inflação sem crescimento. A governadora do Banco Central, Elvira Nabiullina, afirmou que “mudanças mais drásticas são necessárias para fazer [a economia] funcionar”, relata o Moscow Times.
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