Quase 200 mil russos vivem em um limbo na Ucrânia; entenda!
À medida que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia continua, por vezes, é difícil lembrar que os cidadãos comuns podem ser afetados não só por bombardeios, mas também em importantes questões burocráticas.
Segundo dados das Nações Unidas, existem entre 11 e 12 milhões de russos que vivem na Ucrânia, o que os torna a maior minoria do país.
Isto não é surpreendente, dado que até 1991, a Ucrânia fazia parte da União Soviética e, antes disso, do Império Russo.
No entanto, a tensão entre as duas nações e a guerra liderada por Vladimir Putin levaram muitos russos na Ucrânia e ucranianos na Rússia a viverem um pesadelo.
De acordo com a BBC, embora legalmente todos os estrangeiros na Ucrânia tenham direitos iguais, houve casos em que cidadãos russos enfrentaram preconceitos.
Advogados que trabalham para russos residentes na Ucrânia disseram à BBC que os seus clientes tiveram as suas contas bancárias congeladas.
Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, o banco nacional de Kiev restringiu os serviços financeiros aos cidadãos russos e bielorrussos.
Em teoria, esta medida não deveria afetar os cidadãos russos que residem legalmente na Ucrânia, que ascendiam a 175.000 em janeiro de 2023, segundo dados da EuroNews.
Na prática, as contas bancárias congeladas não são o único problema. O acesso a serviços públicos, como hospitais, pode ser muito difícil sem a documentação adequada.
E tudo isso, apesar do desejo de alguns destes russos de se tornarem cidadãos ucranianos e até mesmo de se voluntariarem para lutar no front.
Para começar, a Ucrânia não permite a dupla cidadania, o que significa que qualquer pessoa que pretenda tornar-se cidadão ucraniano tem de renunciar à sua nacionalidade anterior.
Para complicar ainda mais as coisas, um cidadão russo que pretenda renunciar à sua cidadania tem de se dirigir fisicamente a um consulado russo ou ao próprio país. Algo que, para quem está na Ucrânia, não é possível fazer, sem riscos, no momento.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, apenas algumas centenas de cidadãos russos conseguiram adquirir a cidadania ucraniana.
Entretanto, a situação é mais terrível para os ucranianos que permaneceram atrás das fronteiras russas.
A Reuters informou que, de acordo com um relatório do Departamento de Estado dos EUA, de agosto de 2023, mais de um milhão de ucranianos na Rússia deveriam tornar-se cidadãos russos, especialmente nos territórios ocupados na Crimeia e no oeste da Ucrânia.
Aqueles que se recusaram enfrentaram restrições como a negação de cuidados médicos e sociais, a possibilidade de trabalhar e dirigir legalmente, além de ameaças e intimidação.
Contudo, a grande questão é: por quanto tempo as pessoas, independentemente de serem russas ou ucranianas ou de qualquer nacionalidade, continuarão a ser prejudicadas pelas escolhas e conflitos gerados pelas nações e governos?