Quem apoia Putin?
Vladimir Putin e seu governo estão cada vez mais isolados, após a Rússia invadir a Ucrânia. No entanto, em todo o mundo, o presidente que iniciou a guerra ainda encontra alguns bons amigos.
A ajuda mais visível da Rússia durante o conflito ucraniano vem da Belarus (Bielorrússia). O país, liderado com mão de ferro por Alexander Lukashenko, foi descrito como a "última ditadura na Europa".
Sob o pretexto de fazer exercícios militares conjuntos com a Belarus, as tropas russas conseguiram invadir a Ucrânia pelo norte, através da fronteira entre os dois países.
Por outro lado, outros líderes mundiais que mostraram proximidade com a Rússia no passado, como o presidente tcheco Miloš Zeman e o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán (foto), não hesitaram em denunciar as ações de Putin na Ucrânia. A amizade não parece ser tão forte.
Alguém que permanece leal a Putin é Donald Trump. O ex-presidente dos EUA elogiou a invasão da Ucrânia e chamou a operação militar de "gênio", durante uma entrevista no The Clay Travis e no Buck Sexton Show.
"O problema não é que Putin seja inteligente, o problema é que nossos líderes são burros", disse Trump. Muitos conservadores americanos também pensam nesta mesma linha.
Tucker Carlson, comentarista da Fox News Tucker Carlson, o programa de notícias a cabo mais assistido nos Estados Unidos, zombou do conflito na Ucrânia. Disse que tratava-se de "uma mera disputa de fronteira". Foi pouco antes da invasão.
Enquanto isso, a deputada da Geórgia, Marjorie Taylor Greene (líder da facção conspiratória do Partido Republicano), participou de um comício de extrema-direita onde os participantes gritaram "Putin, Putin, Putin". Ela garante que não ouviu o que o público dizia.
Já o jornalista Glenn Greenwald acusou os Estados Unidos e a OTAN, em vários meios de comunicação, incluindo o programa de Tucker Carlson, de terem levado a Rússia a declarar a guerra.
Alguns líderes republicanos, como o ex-candidato presidencial Mitt Romney, criticaram abertamente os comentários de Trump e mostraram apoio à Ucrânia.
Uma pesquisa da YouGov, divulgada pelo The Washington Post mostra que a maioria dos republicanos tem uma visão mais favorável de Putin do que de Joe Biden, Kamala Harris e Nancy Pelosi.
Ironicamente, esses republicanos de direita ficariam surpresos ao descobrirem que estão do mesmo lado de presidentes como Nicolás Maduro e Daniel Ortega.
Maduro, presidente da Venezuela, declarou que Putin tem "todo o apoio" para garantir a paz à Rússia, e que Donetsk e Lugansk foram obrigados a se separarem da Ucrânia devido a "ataques fascistas".
Por sua vez, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, apoiou a ação de Putin. Ele afirmou que as duas regiões separatistas, sem dúvida, teriam algum tipo de referendo ou eleição sobre seu destino final.
Tanto a Venezuela quanto a Nicarágua são dois dos poucos membros da ONU que reconhecem as regiões georgianas pró-Rússia da Ossétia do Sul e da Abkhazia como países independentes.
A Síria é outro país que reconhece a condição de Estado da Ossétia do Sul e da Abkhazia e expressou apoio às ações da Rússia.
A Rússia foi um grande aliado do governo sírio, liderado por Bashar al-Assad, durante a guerra civil na Síria.
O presidente do Quirguistão, Sadyr Japarov, justificou a ação militar da Rússia no leste da Ucrânia dizendo que "talvez fosse uma medida necessária para proteger a população pacífica".
O Quirguistão faz parte da Comunidade dos Estados Independentes, uma organização supranacional composta principalmente por ex-repúblicas soviéticas. A Geórgia e a Ucrânia deixaram a entidade, devido às tensões com a Rússia.
Na África, os governos do Sudão e da República Centro-Africana também estão do lado da Rússia nesta guerra. "A Rússia tem o direito de agir no interesse de seus cidadãos e proteger seu povo", argumentou Mohamed Hamdam Dagalo, membro do governo interino do Sudão.
Uma das potências com maiores dilemas nessa situação é a China. No passado, Vladimir Putin chamou o líder chinês Xi Jinping de "seu melhor amigo". Pequim, segundo a CNN, evitou condenar as ações da Rússia ou mesmo referir-se ao conflito ucraniano como uma invasão.
No entanto, outros meios de comunicação, como o The Guardian, apontam que os constantes pedidos da China por uma solução negociada e a relutância em apoiar abertamente a operação militar da Rússia pressionaram o que parecia ser uma parceria de proporções globais.
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O presidente brasileiro também tem se contido em condenar a guerra. Em entrevista à Jovem Pan News, disse: "Eu não vou estar alinhado com um lado e nem com outro, vamos ver onde vai isso aí".
Entretanto, em uma viagem à Rússia, poucos dias antes do início da invasão na Ucrânia, Jair Bolsonaro disse, em discurso ao lado de Putin, ser solidário a seu país e respeitar “quem age desta maneira”.