Poder da Rússia no Mar Mediterrâneo pode estar por um fio
A presença naval da Rússia no Mediterrâneo depende do acesso a um porto de águas profundas em Tartus, na Síria.
O país manteve “uma presença quase contínua” em Tartus desde antes do colapso da União Soviética, segundo o The New York Times. Trata-se de seu único porto mediterrâneo.
Dessa maneira, a Rússia esteve projetando seu poder em alto mar durante anos. Entretanto, a queda de Bashar al-Assad, ex-líder da Síria, pode mudar este cenário.
Acontece que não há garantias de que a Rússia poderá ou não continuar a usar sua base naval em Tartus sob o novo regime na Síria.
De fato, em 3 de janeiro, a inteligência ucraniana alegou que a Rússia preparava-se para transferir ativos militares de sua base em Tartus para um porto em Orda, na Líbia, de acordo com o The Kyiv Independent.
Além do mais, Moscou pode estar a retirar um de seus ativos navais mais importantes da área em um futuro próximo: sua frota de submarinos convencionais.
"A Rússia manteve uma implantação quase contínua de submarinos convencionais no Mediterrâneo por cerca de uma década", explicou o Naval News, recentemente.
Moscou criou sua Força-Tarefa do Mar Mediterrâneo em 2013. Um ou mais de seus submarinos da classe Kilo foram, inclusive, enviados à região em missões sobrepostas.
De acordo com o Naval News, a queda de Assad provavelmente trouxe consigo a perda de Tartus e, como resultado, Moscou também perdeu a capacidade de manter sua frota de submarinos convencionais no Mediterrâneo por qualquer período de tempo.
Prova disso foi quando, em 2 de janeiro, o submarino da Classe Kilo Melhorada Novorossiysk (B-61), o único submarino russo no Mar Mediterrâneo, teria saído da região e deixado a área sem a presença de um submarino russo convencional.
Crédito da foto: Wiki Commons Por Guy Pool/MOD, OGL v1.0
Em 5 de janeiro, o Novorossiysk foi avistado na costa de Portugal, pela Marinha Portuguesa, junto com outros navios russos, segundo comunicou o Comando Marítimo da OTAN.
Crédito da foto: X @NATO_MARCOM
“A Aliança está a observar e nós estamos vigilantes! Recentemente, nossos aliados da OTAN da Marinha Portuguesa, NRP Álvares Cabral e NRP Setúbal, monitoraram o submarino russo Novorossiysk e o Large Landing Ship (LLT) Alexander Shabalin enquanto os navios passavam por águas próximas a Portugal”, publicou a OTAN no X.
Crédito da foto: X @NATO_MARCOM
O Naval News observou que nenhum submarino atracou no porto de Tartus desde 3 de dezembro, mas admitiu que um submarino movido a energia nuclear ainda pode estar ativo na região.
No entanto, o Naval News avaliou que a Rússia, provavelmente, não tem, no momento, um submarino convencional na região e observou que, se um substituto estivesse a caminho, ele ainda estaria na região do Mar do Norte.
“Na prática, os submarinos russos com propulsão convencional passam a maior parte do tempo no porto, mesmo em desdobramento. Isso torna uma presença sustentada no Mediterrâneo insustentável”, explicou o Naval News.
A perda de Tartus e a capacidade de sustentar uma frota de submarinos no Mediterrâneo reduzirão a influência do Kremlin na região, de acordo com o Naval News.
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