Sergei Surovikin, o novo e impassível general de Putin, na Ucrânia
Sergei Vladimirovich Surovikin foi designado por Vladimir Putin para liderar as tropas russas na Ucrânia. Conhecido por comandar ações controversas na Síria, ele é a esperança do Kremlin para reverter a guerra a seu favor.
Ele é popularmente conhecido por General Armagedom. O New York Times descreveu Surovikin como alguém provido de brutalidade, corrupção e com uma vasta experiência em guerras complexas.
Yevgeny Prigozhin, fundador do grupo Wagner, uma organização mercenária pró-Rússia, fez uma declaração pública incomum, ao endossar o General Armagedom e defini-lo como “lendário”.
Na foto: Prigozhin com Vladimir Putin, em 2010.
Surovikin está bastante familiarizado com o conflito ucraniano. Ele já era encarregado do exército russo no sul do país invadido.
O New York Times afirma que, para efeitos práticos, Surovikin já liderava as tropas russas na Ucrânia há muito tempo, porém, agora, seu cargo é oficial.
Sua nomeação ocorreu poucas horas depois que a ponte que liga a Rússia à Crimeia foi explodida pelo exército ucraniano, causando um duro golpe na logística e moral das tropas russas. Com um histórico bastante controverso, o General Armagedom promete dar trabalho ao adversário.
Sergei Vladimirovich Surovikin nasceu em Novosibirsk, em 1966. De acordo com a BBC, ele começou sua carreira militar durante a guerra soviético-afegã, na década de 1980.
O professor de história russo, Peter Waldron, disse à BBC que Surovikin esteve envolvido em casos de “violência considerável”, desde o início.
Surovikin também fez parte do golpe de agosto de 1991, quando os comunistas da linha dura tentaram derrubar o primeiro-ministro soviético, Mikhail Gorbachev.
Na ocasião, ele teve ligação com a morte de três manifestantes anti-golpe, em Moscou. Surovikin passou vários meses na prisão, mas foi libertado, depois de Boris Yeltsin concluir que ele estava apenas a cumprir ordens.
A BBC relata que, em 1995, enquanto estudava na prestigiada Academia Militar de Frunze, Surovikin foi suspenso por vender, ilegalmente, uma arma a um colega de classe.
Ele, então, alegou que o episódio havia sido apenas uma cilada e, logo depois, o incidente foi simplesmente expurgado de seu registro militar.
Durante os anos 1990 e início dos anos 2000, Surovikin presenciou ações militares no Tajiquistão e na Chechênia.
Mas foi seu envolvimento durante os combates na Guerra Civil da Síria que chamou a atenção das autoridades. A partir daí, ele passou a ser conhecido como General Armagedom.
A Rússia interveio na Guerra Civil da Síria, em 2015, ao ajudar as tropas do presidente Bashar Al-Assad.
Apesar de não ter experiência anterior com operações aéreas, Surovikin liderou a unidade aeroespacial da Rússia e supervisionou a destruição de grande parte da cidade de Aleppo, na Síria, segundo relata a BBC.
Em 2019, Surovikin tornou-se o comandante militar das tropas russas na Síria, por vários meses. “Ao realizar missões de combate, nem por um minuto esquecemos que estávamos em defesa da Rússia”, disse ele ao The Guardian.
A Human Rights Watch listou Surovikin, entre outros comandantes militares russos na Síria, como alguém que possuía “responsabilidade de comando” e que, portanto, havia praticado violação dos direitos humanos, durante esse período.
O The Guardian descreve que Surovikin trouxe seu “manual violento da Síria” para a Ucrânia, ao comendar uma enxurrada de ataques contra alvos civis, incluindo um importante entroncamento rodoviário e um parque infantil.
Surovikin também estava entre os sancionados pela União Europeia, em 23 de fevereiro, um dia antes de iniciar a invasão russa na Ucrânia.
No entanto, a verdadeira questão é se Surovikin será realmente capaz de virar a guerra a favor do Kremlin ou se criará um rastro de sangue e destruição na tentativa.
"Ele não vai resolver todos os problemas", disse Frederick B. Hodges, ex-comandante do Exército dos EUA na Europa, citado pelo The New York Times. “Os problemas são derivados de falhas institucionais profundamente enraizadas, corrupção e falta de prontidão.”