Ucrânia tem um plano de sucessão caso Zelensky seja morto

A situação interna na Ucrânia poderia ser afetada de várias maneiras, se o popular presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, fosse, eventualmente, assassinado. Mas as autoridades do país têm um plano, no caso de que isso aconteça.

Se os futuros historiadores tiverem que apontar algo que manteve o Estado ucraniano unido, nos primeiros dias da invasão realizada pela Rússia, provavelmente, seria Volodymyr Zelensky e sua recusa em abandonar seu povo.

A agora famosa frase do presidente ucraniano, “Preciso de munição, não de carona”, teve, sem dúvida, um grande impacto. Por outro lado, a recusa de Zelensky em deixar Kiev o colocou em grande perigo.

Zelensky deixou claro, nos dias após o início da invasão, que não deixaria a capital: "Eu estou aqui. Não estamos a baixar as armas. Estaremos a defender nosso país”.

O presidente ucraniano sobreviveu a diversas tentativas de assassinato, nas primeiras semanas da invasão, segundo revelou o chefe do Gabinete Presidencial da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, ao Ukrainska Pravda, em março de 2022.

"Fontes estrangeiras falam de duas ou três tentativas. Acredito que houve mais de uma dúzia dessas tentativas", explicou Podoliak. "Estamos, constantemente, a receber informações de que certos grupos de reconhecimento têm tentado entrar nos quartéis do governo."

Hoje, Zelensky está muito mais seguro do que nos primeiros dias da guerra, mas os atentados contra sua vida ainda são uma ameaça real. Entretanto, ele tenha revelou, recentemente, em uma entrevista à CNN, que não se permite pensar nisso.

“Se eu estivesse a pensar nisso constantemente, simplesmente me fecharia, muito parecido ao que faz Putin agora, que não sai de seu bunker”, disse Zelenskey.

“Claro, meus guarda-costas devem pensar em como evitar que isso aconteça, e essa é a tarefa deles. Eu não penso nisso” continuou.

Mas mesmo que Zelensky não esteja a pensar em seu assassinato, outros funcionários do governo estão atentos ao que aconteceria na política da Ucrânia em sua falta.

De acordo com a constituição ucraniana, na linha de sucessão ao cargo, o seguinte da lista é o presidente do parlamento do país, explicou o legislador da oposição, Mykola Knyazhytsky, ao jornal Politico.

Crédito da foto: Twitter @ m_kniazhytskyi

“Portanto, não haveria vácuo de poder”, Knyazhytsky afirmou. Neste caso, se Zelensky fosse morto, o presidente da Verkhovna Rada, Ruslan Stefanchuk, assumiria seu cargo e seria auxiliado pela atual liderança que cerca Zelensky.

De acordo com o Politico, no conselho de governo de Stefanchuk estariam Andrii Yermak, chefe do gabinete presidencial, o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuebla, o ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, e o principal general da Ucrânia, Valery Zaluzhny.

“O país atingiu um ponto de solidariedade e unidade nacional muito substancial”, disse Karatnycky ao Politico.

Karatnycky admitiu que, se Zelensky morresse, seria um choque psicológico para a nação, mas  acrescentou que pode ser difícil avaliar como a nação reagiria, já que a Ucrânia mudou muito após a invasão da Rússia.

“É importante lembrar que os fatores-chave na luta da Ucrânia contra a agressão russa são a resiliência das forças armadas, a habilidade de seu comando e as vitórias no front”, disse Knyazhytsky.

“Isso é o que mais importa em termos de estabilidade política da Ucrânia”, acrescentou Knyazhytsky.