Vemos a retrospectiva de nossas vidas, antes de morrer, diz estudo
O título do artigo científico publicado na Frontiers in Aging Neuroscience é talvez menos poético do que o nosso: Enhanced Interplay of Neuronal Coherence and Coupling in the Dying Human Brain (Interação Melhorada de Coerência Neuronal e Acoplamento no Cérebro Humano Moribundo).
Em outras palavras, trata-se de uma descoberta de arrepiar: antes de morrer, é muito provável que o cérebro retorne aos momentos chave de nossas vidas.
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O estudo, feito com um ser humano no momento exato de sua morte, revelou que, neste estado, o cérebro desencadeia uma atividade de ondas gama, num nível que só ocorre quando estamos muito concentrados, sonhamos ou lembramos de algo.
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Também menciona o fato de pessoas que passaram pelo que é chamado de Experiências de Quase Morte (EQM), frequentemente, mencionarem 'flashbacks'. Estes foram ligados pelos cientistas à "atividade oscilatória" do cérebro.
Esta descoberta de uma tempestade de ondas gama no cérebro durante a morte ocorreu por acaso. Um grupo de pesquisadores de diferentes partes do mundo acompanhou um paciente de 87 anos com crises epilépticas.
Ele estava sendo monitorado quando morreu. Assim, os pesquisadores puderam ver o que acontece no seu cérebro naquele momento final.
Outra das descobertas científicas deste estudo foi comprovar que a atividade cerebral continuou 30 segundos após o coração cessar sua atividade.
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Esta foi a primeira vez que a atividade cerebral nos minutos antes e depois da morte de um ser humano pôde ser analisada com precisão. Este tipo de experimento só é feito com outras espécies.
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Experimentos com ratos sugeriram o que este estudo agora confirmou: uma atividade cerebral extremamente alta por até 30 segundos, após o coração parar de bater.
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A crença de que o cérebro funcionava mesmo com o coração parado é antiga: dizia-se que os olhos de um homem guilhotinado mexiam por uma última vez, depois que sua cabeça era separada de seu corpo.
O fascínio pelo que está além dos limites de nossa existência deu origem a teorias místicas, religiosas e, claro, também a especulações científicas.
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Tudo isso encontrou território em filmes como 'Linha Mortal', (1990), em que jovens médicos se matam (e voltam à vida através da ressuscitação) para ver o que está por trás dessa última fronteira. A série 'The OA' (foto), da Netflix é outro exemplo.
Há também outro elemento recorrente nos relatos da Experiência de Quase Morte (EQM): uma luz brilhante em direção à qual o paciente caminha.
Segundo a BBC, um estudo com ratos, realizado pela Universidade de Michigan, atribuiu a visão a uma explosão final de atividade cerebral no momento da morte.
Jason Braithwaite, psicólogo de universidades como Birmingham e Lancaster, definiu esse fenômeno (a luz brilhante) na BBC como "o último hurra" de um cérebro prestes a desligar-se para sempre. O último brilho de um sol que desaparece no horizonte.
E se o cérebro nos leva às memórias fundamentais da nossa vida pouco antes dela acabar, serão as mais bonitas as que nos mostra?
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O que acontece depois de cruzar a fronteira da vida terrena é outra questão fora da ciência. As crenças de cada um dão resposta a esse enigma.