Brasil lidera viagem de circum-navegação da Antártida em busca de respostas a problemas climáticos
Liderados pelo Brasil, pesquisadores de sete países fazem uma expedição inédita, que percorrerá toda a extensão da Antártida em uma circum-navegação histórica.
A missão teve início em 22 de novembro e está programada para ser concluída em 25 de janeiro de 2025, totalizando 60 dias de navegação.
No total, os pesquisadores percorrerão 20 mil quilômetros e farão 16 paradas ao longo do continente gelado, informou a BBC.
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De acordo com a Agência Brasil, a expedição reúne 61 cientistas a bordo, incluindo 27 representantes de nove universidades públicas brasileiras, além de pesquisadores da Rússia, China, Índia, Argentina, Chile e Peru.
O projeto é coordenado pelo pesquisador e explorador polar Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
"No início, nossa ideia era convidar mais pessoas para o projeto. No entanto, devido à situação geopolítica do momento, a expedição tornou-se algo basicamente dos Brics e de alguns outros países sul-americanos", explicou o pesquisdor, em entrevista à BBC.
Pela primeira vez, uma expedição desse tipo será conduzida o mais próximo possível da costa do continente, permitindo coletar materiais em diferentes regiões, relatou a CNN.
O objetivo da equipe de especialistas é realizar medições detalhadas do material coletado para estudar as dinâmicas do gelo no Polo Sul e avaliar os impactos das mudanças climáticas na região.
Os exploradores buscam respostas essenciais para três questões centrais, sendo a primeira compreender a evolução das calotas de gelo na região.
Foto: Unsplash - Paul Summers
"Primeiro, queremos entender qual é a estabilidade do manto de gelo que cobre a Antártida. As projeções indicam que, na próxima década, ela vai se tornar o principal componente do aumento do nível do mar", explicou Jefferson Cardia Simões à BBC.
A segunda questão a ser estudada é a mudança do clima do continente, incluindo a temperatura do Oceano Antártico.
A região enfrenta um aumento da temperatura do oceano e da atmosfera, além da redução da salinidade causada pelo derretimento das geleiras.
"A Antártida é um dos principais reguladores climáticos e o que acontece lá tem um reflexo em todo o planeta", explicou Rosemary Vieira, professora da UFF, à Agência Brasil.
Outra preocupação relacionada à questão climática é a crescente acidez do oceano, que, por ser mais frio, absorve maiores quantidades de dióxido de carbono liberado pela queima de combustíveis fósseis, relatou a BBC.
Os especialistas querem entender como essa alteração já afeta o ecossistema marinho, em especial o fitoplâncton.
Por último, outro fator a ser estudado é a poluição atmosférica e a presença de microplásticos na região. Para isso, o ar será continuamente monitorado e amostras de neve compactada serão posteriormente analisadas para identificar microplásticos e outros poluentes, relatou a Agência Brasil.
A equipe estará a bordo de um navio quebra-gelo do Instituto de Pesquisa Ártica e Antártica da Rússia, uma das raras embarcações científicas desse tipo, com mais de 130 metros de comprimento.
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