Adeus à monogamia? População atual já procura novas formas de amar
Embora ainda esteja às margens do que é amplamente reconhecido socialmente, a não monogamia tem ganhado cada vez mais adeptos.
Um exemplo claro disso é que o Tinder, a maior plataforma de encontros do mundo, passou a oferecer a "não monogamia" como uma opção entre os tipos de relacionamento que os usuários podem escolher.
E não só isso. O usuário pode optar por um "relacionamento aberto", em que é permitido manter relações casuais com outras pessoas, ou "poliamor", no qual pode haver envolvimento romântico com mais de uma pessoa ao mesmo tempo.
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O aplicativo revelou que 41% de seus usuários entre 18 e 25 anos estavam em busca de relações não monogâmicas ou abertos a essa possibilidade, relatou a revista Superinteressante.
Mas isso não está restrito aos mais jovens nem aos aplicativos. O que antes era um tema tabu e sem referências formais, hoje, ganhou as livrarias.
Não sou poucos os leitores de 'Novas Formas de Amar', da psicanalista brasileira Regina Navarro Lins, que fala sobre poliamor, vida a três e os desafios do amor no século XXI.
Já o livro da psicóloga e escritora indígena Geni Núñez, 'Descolonizando Afetos', faz uma reflexão cultural e histórica sobre as relações humanas, abrindo os olhos do leitor para certas hierarquias que estabelecemos em nossas relações mais próximas.
A monogamia tradicional está sendo questionada, e as pesquisas apontam essa tendência. Em 2016, uma pesquisa da YouGov sobre as preferências amorosas dos estadunidenses revelou que 34% deles preferem algum tipo de não monogamia, conforme relatado pela revista Superinteressante.
Já em 2023, a mesma pesquisa foi realizada, mostrando uma queda na preferência pela monogamia, que passou de 61% para 55%. Os que preferem algo totalmente não monogâmico subiu de 7% para 8%.
O termo mais usado entre especialistas e adeptos é a sigla CNM (do inglês, Consensual Non-Monogamy), ou Não Monogamia Consensual. Em outras palavras, o relacionamento é aberto a experiências afetivas, amorosas ou íntimas com outras pessoas, de forma ética e com o consentimento mútuo.
Claro, dentro dessa definição existem mil possibilidades, mas, no geral, “são relações que prezam pela honestidade, pela moral e pela confiança”, explicou a pesquisadora canadense de s e x u a l i d a d e, Jessica Wood, à Vogue.
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Os casais que vivem um relacionamento aberto ou poliamoroso dizem passar por períodos de adaptação, em que estão a definir quais os limites e as regras que melhor funcionam para eles, destacou a psicóloga e escritora Jessica Fern, no livro 'Polysecure'.
A psicóloga afirma que cada um tem de encontrar as próprias regras e manter uma comunicação constante, já que este novo modelo de relacionamento não tem um padrão preestabelecido.
Muitos acham essa mudança absurda, enquanto outros a consideram a salvação. Mas ao contrário de obter um modelo "ganhador", a principal questão é a possibilidade de escolha.
"Se você olhar para os anos 1950/60, ninguém podia se separar e as moças se casavam v i r g e n s. Não é uma questão individual ou de personalidade viver um relacionamento aberto, tem a ver com a mentalidade de cada época. O que mudou foi a forma de pensar”, afirmou Regina Navarro Lins, citada pela Vogue.
Enquanto em outras épocas havia somente um caminho a seguir, hoje, as opções são variadas.
Por outro lado, as críticas frequentemente associam essa maior liberdade na escolha de parceiros e vínculos afetivos a uma vida p r o m í s c u a ou sem compromisso.
No entanto, "a não monogamia não tem a ver com o número de parceiros que se tem, tem a ver com autonomia do seu corpo. Eu decido o que fazer com o meu corpo em cada momento, inclusive posso decidir estar só com uma pessoa", explicou a psicóloga Marcela Aroeira à CNN.
Além disso, as pessoas não precisam viver exclusivamente em um ou outro modelo. "Muita gente tem fases muito monogâmicas e depois muda de ideia. A tendência é que as pessoas se abram cada vez mais para viver experiências de ambos os formatos ao longo da vida", disse Ana Canosa, psicóloga e s e x ó l o g a, so aite UOL.
A psicanalista Regina Navarro Lins concorda com a previsão: "Acredito que daqui a algumas décadas menos gente vai se fechar numa relação a dois e a maioria vai optar por relações múltiplas".
Para o s e x ó l o g o e psicólogo Fernando Mesquita, citado pela CNN, "constituir uma família de acordo com um modelo não monogâmico pode ser um grande desafio, mas é possível".
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