Yekaterina Duntsova, a candidata presidencial russa que quer derrubar Putin
Um novo nome surgiu no cenário político russo que poderia mudar os rumos do país nos próximos meses: Yekaterina Duntsova. Ela surpreendeu a todos ao anunciar a sua candidatura às eleições presidenciais russas, que serão realizadas em março de 2024.
Duntsova tem 40 anos e é de Tver, uma região da Sibéria a centenas de quilômetros de Moscou. Segundo o site de sua campanha, ela é formada em Direito e Jornalismo e tem três filhos.
Imagem: Site da campanha de Duntsova (duntsova2024)
Duntsova faz oposição a Putin e tem grandes reformas em mente. A candidata disse à Reuters que sentia medo, mas estava confiante em sua escolha.
"Qualquer pessoa sã que desse esse passo ficaria com medo", disse Yekaterina Duntsova sobre desafiar o governo incontestado de Putin, nos últimos 20 anos.
Duntsova acredita que a guerra na Ucrânia deveria acabar e que a Rússia deveria ser mais democrática.
No site de sua campanha ou em entrevistas, ela toma cuidado para não usar a palavra “guerra”, já que as leis de censura russas a proíbem.
A candidata disse à Reuters que espera impedir que a Rússia se feche ao mundo.
Segundo o site de sua campanha, Yekaterina Duntsova acredita que “há pelo menos dez anos o país caminha na direção errada, o da autodestruição”.
Imagem: Yekaterina Dunstova/Telegrama
A libertação dos presos políticos da Rússia, como Vladimir Kara-Murza, Andrei Pivovarov, ou mesmo Alexei Navalny, também está entre as suas propostas.
Yekaterina Duntsova promete dar mais poder à Duma, o parlamento da Rússia, com uma abordagem de poder menos centrada no presidente.
Ela disse à Reuters que espera eliminar a “vertical de poder” do país. Em seu site, reclama de como “uma pessoa decide tudo em grande escala”.
O The Moscow Times disse que o autogoverno local é “uma peça central" da plataforma de campanha de Duntsova.
Imagem: Yekaterina Duntsova/Telegram
Isto faz sentido quando se olha para as origens políticas de Duntsova: o seu primeiro papel como ativista política, segundo o The Moscow Times, foi numa campanha para devolver eleições diretas a autarquias em Rzhev, em 2017.
Dois anos depois, em 2019, Duntsova foi eleita para a assembleia legislativa da cidade. Depois disso, ela começou a coordenar equipes de busca e resgate de pessoas desaparecidas, em sua remota e vasta região.
Imagem: Yekaterina Dunstova/Telegrama
O fato de ser uma desconhecida do círculo central da oposição de Putin lançou dúvidas sobre a sua candidatura.
O The Moscow Times explica que muitos dos dissidentes de Putin acreditam que os candidatos independentes não devem participar das eleições, pois existem poucas garantias de transparência.
Já Duntsova acredita que os independentes devem participar e encorajar os seus apoiantes a votar. Ela pensa que este é o caminho correto para tornar a Rússia um “Estado mais democrático e pacífico”.
Duntsova entende que enfrentará muitos desafios pela frente. Para participar das eleições, ela precisa contar com o apoio de um grupo de interesse que possa se reunir em algum lugar.
Isto pode ser incrivelmente complexo na Rússia, já que, de acordo com a Anistia Internacional, as autoridades têm corroído o direito à liberdade de reunião pacífica, através de leis cada vez mais restritivas.
Duntsova disse que seu grupo se reunirá em Moscou e espera que a polícia não a interrompa, mas está disposta a tentar novamente se isso acontecer.
“Por causa da covid-19, ainda proibimos piquetes e comícios, exceto aqueles pró-governo”, explicou Dunsova, em seu canal no Telegram.
Imagem: Site da campanha de Duntsova (duntsova2024)
Para se candidatar, Duntsova também precisa de 300.000 assinaturas, que pretende reunir através de formulários digitais e depois abrir locais seguros para as pessoas que se inscreveram online colocarem suas assinaturas em papel.