A aliança ultraconservadora que Milei propõe a Meloni, mas que ela parece rejeitar
O presidente da Argentina, Javier Milei, e a presidente do conselho de ministros da Itália, Giorgia Meloni, já se reuniram três vezes nos últimos nove meses. A última, na Argentina.
Segundo o jornal espanhol elDiario.es, A Casa Rosada foi decorada com bandeiras italianas para a ocasião. A irmã do presidente e secretária-geral da Presidência, Karina Milei, foi quem recebeu a representante da extrema direita europeia. Depois de alguns minutos, o próprio Milei se juntou a elas.
Os dois líderes trocaram gestos de proximidade como sorrisos e frases ao pé do ouvido. “Compartilhamos uma ideia política, somos dois líderes que lutam pela liberdade do Ocidente”, disse a italiana, que também declarou que Milei é seu amigo.
Milei está cultivando essas amizades para formar o que ele define como uma “aliança de nações livres”, segundo o jornal argentino Página 12. Ele já fez essa proposta ao recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a repetiu para Meloni.
Na reunião bilateral, que durou aproximadamente uma hora e meia, Milei apresentou a Meloni a sua estratégia geopolítica para combater a “tirania e a miséria” no Ocidente. “Aqueles de nós que defendemos a liberdade, embora ainda sejamos poucos, vamos mostrar o caminho”, sugeriu o ultradireitista.
“Ambos fomos escolhidos para liderar os destinos de nosso país, por enfrentar com coragem, verdade e abertamente o que poderíamos chamar de problema central de cada uma de nossas nações”, disse o presidente, segundo o Clarín.
E continuou: “No meu caso: acabar com a inflação galopante e a miséria profunda que décadas de coletivismo deixaram na Argentina. No caso de Meloni, dar uma resposta contundente ao problema da imigração descontrolada e às suas consequências na segurança dos cidadãos”.
Mas não se sabe ainda se Meloni vai apoiar o projeto de união da extrema direita proposto por Milei. Segundo o Clarín, ao falar, a presidente do conselho de ministros não mencionou esta aliança e não criticou (como fez Milei) a Agenda 2030.
Meloni falou também, indiretamente, sobre as alterações climáticas, sublinhando a necessidade de uma “transição energética” e, por fim, se aprofundou em temas como a guerra na Ucrânia e a necessidade de uma transição democrática na Venezuela. Meloni, assim como Milei, reconhece a eleição de Edmundo Gonzalez e não a de Nicolás Maduro.
Para Meloni, as questões partilhadas com o seu homólogo argentino estão organizadas em quatro frentes: “Os pontos cardeais são: liberdade, igualdade entre as nações, sistemas democráticos, solidariedade entre as nações”. Resta saber se esses pontos serão suficientes para realizar o sonho de Milei de uma aliança de extrema direita.