Retrospectiva 2021: o final feliz dos elefantes que viajavam sem rumo pela China
A manada de elefantes, que começou em 2020 a andar, perdida, pela China, voltou em agosto de 2021, mais de um ano depois, para a reserva onde morava antes.
Foi um caminho de mais 500km que os cientistas não encontraram explicação de porque os elefantes percorreram.
As autoridades do país guiaram os elefantes, com delicadeza e sem violência, em direção à reserva e os fizeram atravessar o rio Yuanjiang, para que pudessem chegar ao destino.
A aventura destes machos, fêmeas e crias virou um fenômeno seguido dia e noite por drones, que enviavam as imagens, ao vivo, à televisão chinesa, permitindo à população acompanhar cada um dos passos dos animais, como se fosse um reality show.
Segundo explicou o especialista em paquidermes, Ahimsa Campos-Arceiz , ao The New York Times, os elefantes asiáticos costumam mover-se muito em busca de comida. Entretanto, a distância percorrida por esta manada não era tão habitual.
Esses 15 elefantes passaram por áreas habitadas por seres humanos (na imagem, em uma área de cultivo) e as autoridades chinesas tiveram que montar um esquema de proteção, abrir estradas e, acima de tudo, apelar à população para não perturbá-los nem oferecer-lhes comida.
Interferir no comportamento selvagem desses elefantes poderia ser perigoso para os humanos e prejudicial para os animais, que não deveriam ter seus hábitos contaminados.
A CCTV, rede de televisão chinesa, transmitia continuamente imagens sobre o assunto.
Houve até um nascimento durante esta longa jornada dos elefantes. A manada parou em novembro de 2020, por alguns dias, para que uma fêmea desse à luz. Foi um período de descanso até que mãe e filhote estivessem prontos para recomeçar. Os elefantes são animais com uma grande consciência de grupo. Eles cuidam um do outro e se apoiam ao extremo.
Talvez esses elefantes tenham tido que deixar seu habitat natural empurrados pela crise climática sofrida em todo o planeta, que provoca mudanças no terreno, desmatamento e falta de alimentos.
Imagem: V Srinivasan / Unsplash
Também há uma explicação mais literária sobre o espírito aventureiro dos elefantes. Eles só queriam ver o mundo? O fato é que os elefantes são animais de enorme inteligência e sensibilidade. A prova disso é sua consciência da morte de seus semelhantes e seus processos de luto.
Esta é a viagem mais longa feita por uma manada de elefantes da qual a ciência tem evidências. Tudo começou na reserva natural de Xishuangbanna, na fronteira com o Laos e a Birmânia.
Imagem: Liam Read / Unsplash
Os drones monitoram a caminhada dos elefantes e, ao redor deles, mais de 400 pessoas participam, discretamente, do dispositivo de alerta e proteção para paquidermes errantes.
Esses elefantes deixaram atrás destruição e perdas para os fazendeiros das áreas que visitaram. Eles comeram plantações, derrubaram celeiros e outras construções agrícolas. Inclusive entraram nas cidades e beberam água das torneiras. Segundo as autoridades chinesas, causaram prejuízos superiores a um milhão de euros.
Por outro lado, a atenção constante dos drones também ofereceu momentos tão sublimes e raros como dos elefantes dormindo, deitados.
Os pesquisadores estavam surpresos com a trajetória desse grupo de elefantes. Eles andavam em direção ao norte, mas faziam curvas e marcavam um itinerário inexplicável.
O elefante asiático (foto), como muitos outros belos animais do planeta, está em perigo de extinção e ainda é exibido em zoológicos. No sul da China, na área de origem desse grupo, há cerca de 150 indivíduos.
Alguns cientistas acreditam que por trás dessa jornada errática, havia um líder muito jovem, impulsivo e inexperiente.
A história dos 15 elefantes longe de casa vai, com toda certeza, render muita investigação sobre seu comportamento e trazer à tona fatos nunca antes conhecidos sobre sua capacidade mental.