A radical e perigosa proposta de um grupo russo para dissuadir o Ocidente
Dmitry Suslov, vice-diretor do proeminente grupo de reflexão do Conselho de Política Externa e de Defesa, com sede em Moscou, disse, recentemente, que a Rússia precisava agir se os países ocidentais cruzarem as linhas vermelhas do Kremlin.
Ele propôs, especificamente, que o Kremlin deveria considerar a utilização de uma explosão nuclear “demonstrativa” (sem combate) para dissuadir o Ocidente.
O objetivo seria "confirmar a seriedade das intenções da Rússia" e convencer seus oponentes" da prontidão de Moscou para a escalada".
Os comentários foram feitos, de acordo com a Reuters, apenas um dia depois de Vladimir Putin avisar que os Estados Unidos e a Europa estavam a brincar com fogo, se permitissem que a Ucrânia atacasse a Rússia.
"O efeito político e psicológico de uma nuvem nuclear em forma de cogumelo, que será transmitido ao vivo em todos os canais de televisão de todo o mundo, irá, esperançosamente, lembrar aos políticos ocidentais aquilo que tem impedido as guerras entre as grandes potências desde 1945 e que agora têm em grande parte perdido – medo de uma guerra nuclear”, acrescentou Suslov.
A Reuters observou que Suslov é apenas um entre vários especialistas em segurança e legisladores russos que se manifestaram a favor de a Rússia testar uma bomba nuclear para impedir a ajuda ocidental à Ucrânia.
Em 6 de maio, o Ministério de Defesa russo anunciou que Moscou realizaria uma série de exercícios nucleares táticos ordenados por Vladimir Putin, de acordo com a BBC News.
Entretanto, os exercícios não são equivalentes a uma explosão real de uma bomba nuclear, algo proibido pelo Tratado de Proibição Abrangente de Testes (CTBT) desde 1996. De fato, a Rússia é um dos 187 signatários do tratado e ratificou-o em 2000.
Até que, em novembro de 2023, Putin revogou a ratificação da Rússia no CTBT, alegando que Moscou estava a fazer o mesmo que os Estados Unidos, que nem sequer ratificou o tratado desde que o assinou.
Na época, o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que estavam “profundamente preocupados com a ação planejada da Rússia”.
“As autoridades russas dizem que retirar a sua ratificação não significa que irá retomar os testes, e instamos Moscou a manter essas declarações”, explicou Blinken.
Além disso, em fevereiro de 2023, Putin suspendeu a participação da Rússia no tratado NEW START com os Estados Unidos. Entretanto, garantiu que Moscou não tinha planos de ser o primeiro a testar uma arma nuclear, de acordo com a CNN.
Ainda não se sabe se Putin e o Kremlin acabarão por aceitar a proposta de Dmitry Suslov. Se isso acontecer seria um passo poderoso na direção errada que o mundo parece estar a seguir.
As sugestões de Suslov não terminaram por aí. Para ele, a Rússia deveria iniciar exercícios nucleares estratégicos e alertar qualquer país que permitisse à Ucrânia usar as suas armas contra a Rússia, que Moscou se reservava o direito de atacá-lo.