A surpreendente nova descoberta sobre a civilização viking
De acordo com cientistas escandinavos, inscrições decifradas em uma peça de joalheria medieval podem mudar tudo o que sabemos sobre os vikings.
Trata-se de uma bracteata (medalha) dourada onde é possível ver que Odin era uma divindade adorada muito antes do que se acreditava anteriormente.
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“Esta é a prova cabal da presença de Odin na Escandinávia, já no século V”, disse Simon Nygaard, Professor Associado de Religião Pré-Cristã Nórdica, da Universidade de Aarhus, à NBC News.
“No sentido próprio da palavra, é histórico”, completou, mencionando que a boa preservação da inscrição de Odin é espetacular.
Foto: Arnold Mikkelsen, Museu Nacional da Dinamarca, Comunicado à Imprensa.
Odin foi um dos principais deuses da mitologia nórdica, importante para várias sociedades e culturas em todo o norte da Europa, na era pré-cristã.
Os deuses são frequentemente simbolizados em bracteatas, que eram peças finas de joias unilaterais, usadas como uma medalha, durante a Idade do Ferro germânica.
Foto de @AlisonFisk Imagem: British Museum (1984,1101.1)
A bracteata examinada por Nygaard traz uma inscrição que diz: "Ele é o homem de Odin".
Foto: Arnold Mikkelsen, Museu Nacional da Dinamarca, Comunicado à Imprensa.
A relíquia estava enterrada com outros ítens de um tesouro, incluindo moedas romanas, grandes medalhões e alguns pires, de acordo com o The Guardian.
“É uma das inscrições rúnicas mais bem executadas que já vi”, disse Lisbeth Imer, pesquisadora Sênior do Museu Nacional da Dinamarca, em Copenhague.
Foto por Twitter @lisbethimer
Imer é pesquisadora de inscrições históricas (runas e letras romanas) na Escandinávia, com especial interesse na utilização da escrita em sociedades pré-históricas.
Foto: Unsplash/ guillaume briard
"Esse tipo de mitologia pode levar-nos mais longe e fazer-nos investigar novamente todas as outras 200 inscrições em bracteatas, que temos em nosso acervo", acrescentou Imer.
Foto por Twitter @lisbethimer
Os especialistas acreditam que a bracteata e os outros tesouros podem ter sido enterrados por dois motivos. A primeira hipótese leva a crer que foram soterrados em um tributo aos deuses, já a segunda diz que a intenção era escondê-los de povos inimigos.
As inscrições rúnicas são um recurso extremamente importante para os pesquisadores, não apenas por sua raridade, mas também por sua capacidade de ajudar-nos a entender melhor o passado dos vikings.
Citado pelo The Guardian, o pesquisador Krister Vasshus, especialista em línguas antigas, disse que se trata de um acontecimento incrível, pois é muito raro encontrar este tipo de inscrição, com detalhes claros e traços tão bem conservados.
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“Isso nos dá algumas informações bastante interessantes sobre a religião no passado, revelando também algo sobre esta sociedade longínqua”, acrescentou Vasshus.
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Mediador e divulgador científico, Vasshus é membro da Universidade de Bergen, no Instituto de estudos linguísticos, literários e estéticos. Além disso, é pesquisador da onomástica, ciência que estuda a etimologia e as transformações de nomes próprios.
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A bracteata dourado com a inscrição do deus Odin, do século V, foi descoberta em Vindelev, na Dinamarca, em 2020, mas somente foi examinada por cientistas no início de 2023.
Antes da descoberta da Vindelev, a mais antiga referência conhecida a Odin tinha sido encontrada num b r o c h e germânico, do século VI, de acordo com Patrick Smith e Henry Austin.
Além de surpresos, os pesquisadores ficaram muito satisfeitos com o que encontraram. Simon Nygaard disse à NBC News que a descoberta amplia o conhecimento científico sobre o passado e que todos os envolvidos estão muito entusiasmados com isso.
Os cavalheiros Vikings tinham uma cultura de caráter colonizador e veneravam deuses com diversos atributos e personalidades. Com base na inscrição do deus Odin e em algumas pedras rúnicas, os pesquisadores observaram detalhes que sugerem que os Vikings atribuíam aos deuses algumas características humanas.
Somada às informações anteriores, a descoberta permitirá detalhar ainda mais as crenças existentes na Era Viking, vivida entre 790 e 1066, para entender como se comportavam os homens daquela época.