O culto medieval misterioso encontrado por arqueólogos
Recentemente, arqueólogos desenterraram uma fivela de cinto dourada que, ao ser minuciosamente analisada, revelou importantes informações sobre civilizações que floresceram há mais de mil anos.
Em um comunicado, o pesquisador principal, Jiří Macháček, da Universidade Masaryk, relatou que ele e sua equipe, inicialmente, consideravam a fivela como um artefato arqueológico único.
Crédito da foto: Faculdade de Artes da Universidade Masaryk
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Macháček explicou que a fivela foi encontrada em Lány u Břeclavi, na República Tcheca, mas que, ao contrário do que pensou originalmente, a peça não era única.
Crédito da foto: Faculdade de Artes da Universidade Masaryk
Macháček descobriu, mais tarde, que fivelas semelhantes haviam sido descobertas na Alemanha, Hungria e Boêmia, percebendo que os artefatos estavam todos conectados.
Crédito da foto: Macháček et al, Journal of A Archeological Science 2024
“Percebi que estávamos diante de um culto pagão, até então desconhecido, que ligava diferentes regiões da Europa Central”, explicou o professor universitário.
Crédito da foto: Wiki Commons por Wolfgang Sauber
Após a descoberta, Macháček reuniu uma equipe de pesquisadores internacionais, para conduzir uma análise detalhada dos artefatos encontrados. O objetivo era explorar mais informações sobre seu contexto e sua origem.
Crédito da foto: Faculdade de Artes da Universidade Masaryk
Feita a análise, Macháček e a sua equipa revelaram fatos intrigantes sobre as fivelas, que detalharam em um relatório, publicado pelo Journal of Archeological Science, em janeiro de 2024.
Crédito da foto: Macháček et al, Journal of A Archeological Science 2024
O grupo de pesquisa realizou varreduras em quatro peças, além de fazer análises isotópicas, revelando que foram fundidas a partir da mesma cera e que o cobre utilizado em sua produção provinha da mesma fonte, conforme relatado pelo Vice.
Crédito da foto: Macháček et al, Journal of A Archeological Science 2024
"Algumas das extremidades do cinto vêm da mesma oficina ou são derivadas de um modelo comum, embora tenham sido encontradas em regiões muito distantes", relataram os autores do estudo.
Crédito da foto: Macháček et al, Journal of A Archeological Science 2024
As fivelas datam de algum momento entre os séculos VII e VIII d.C. e pertenciam a um grupo de povos nômades, conhecidos como Avars, que se estabeleceram na Bacia dos Cárpatos, onde hoje é a Hungria.
Crédito da foto: Wiki Commons por Ramsey Muir Atlas histórico
As fivelas dos cintos retratam algo parecido a uma serpente que devora um sapo, um motivo bastante comum nos mitos da época.
Crédito da foto: Macháček et al, Journal of A Archeological Science 2024
“Este símbolo aparece na mitologia germânica, avar e eslava. Era um ideograma universalmente compreensível e importante”, explicou Macháček, no comunicado de imprensa.
Foto Wiki Commons por Louis Moe - Biblioteca da AU, Campus Emdrup, CC BY-SA 4.0
"Atualmente, existem apenas especulações sobre o seu significado, mas, nos primórdios da Idade Média, o símbolo da cobra que devora o sapo conectava espiritualmente os diversos povos que habitavam a Europa Central”, continuou Macháček.
Crédito da foto: Macháček et al, Journal of A Archeological Science 2024
Os autores do estudo observaram que as fivelas podem ter desempenhado um papel importante na sociedade medieval, sobretudo entre as elites que governavam as sociedades.
Crédito da foto: Macháček et al, Journal of A Archeological Science 2024
Acredita-se que as fivelas douradas dos cintos tenham sido uma forma de comunicar a classe a que pertenciam as pessoas, relatou a Vice.
Crédito da foto: Wiki Commons por James Steakley - Trabalho próprio, CC BY-SA 3.0
A mitologia, muitas vezes, utiliza símbolos para transmitir ideias complexas e conceitos espirituais, refletindo a visão de mundo das comunidades que a criaram. Segundo os pesquisadores, esses cintos podem ter sido usados por membros de um culto, informou a Vice. No entanto, não há como determinar com precisão seu significado integral.