As extremas medidas de segurança que protegem Putin
Putin considera-se ameaçado. Outros presidentes também, mas no caso do russo, o perigo que acredita que o cerca o levou a submeter-se a formas de proteção um tanto quanto exageradas. Ainda mais agora, depois que ordenou uma invasão militar na Ucrânia.
Muitas destas medidas envolvem centenas de pessoas que observam cada passo que o líder indiscutível da Rússia dá.
Conforme especificado pela BBC, o presidente tem o Serviço de Segurança Presidencial Russo como rede de vigilância pessoal.
O Serviço de Segurança Presidencial está integrado ao Serviço Federal de Proteção da Rússia (FSO), que deriva da antiga KGB, e que também é responsável pela proteção de outros altos funcionários do Kremlin.
Putin também tem a Rosgvardia ou Guarda Nacional Russa, considerada (de certa forma) como seu exército pessoal e que ele mesmo criou em 2016.
O diretor desta Guarda Nacional é o general Viktor Zolotov (na imagem), ex-guarda-costas de Vladimir Putin, que comanda cerca de 400 mil soldados. Eles também se dedicam ao “controle de armas, combate ao terrorismo, crime organizado, proteção da ordem pública e proteção de importantes instalações do Estado”.
Quando se trata de proteger Vladimir Putin, o serviço de segurança é organizado em quatro círculos, de acordo com o site Russia Beyond. O primeiro é composto por centenas de guarda-costas, que estão com ele 24 horas por dia, 7 dias por semana.
O segundo círculo é composto por agentes à paisana, que misturam-se com o público e os cidadãos presentes por onde passam.
Um terceiro círculo é responsável por cercar o público presente e impedir que qualquer pessoa suspeita ultrapasse a zona de segurança.
O quarto e último círculo é formado por franco-atiradores que cercam a área onde Vladimir Putin irá passar, posicionando-se nos telhados dos prédios.
Um problema adicional, como aponta o especialista em segurança Mark Galeotti à BBC, é que Vladimir Putin não gosta de voar e desloca-se levando consigo uma fila gigantesca de motocicletas, carros blindados pretos e caminhões.
Para esses movimentos, diz Marcos Galeotti, o espaço aéreo é bloqueado, o tráfego é interrompido e o máximo de cautela é exercido.
O assunto ganha contornos medievais quando falamos da comida que o presidente russo come.
Segundo Mark Galeotti, Vladimir Putin tem uma pessoa encarregada de experimentar tudo o que o líder russo vai comer, para evitar que seja envenenado. Soa um pouco à lenda urbana, mas...
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Além disso, antes de servir qualquer comida ao presidente russo, seus guarda-costas já verificam que não há elementos suspeitos na preparação, segundo Stephan Hall, especialista em Rússia, à BBC.
As medidas preventivas não param por aí, pois quando faz uma viagem, o presidente russo leva sua própria comida e bebida. Mesmo que haja um brinde, Vladimir Putin serve-se de sua própria garrafa.
As comunicações são limitadas no ambiente próximo de Vladimir Putin e os smartphones são proibidos no Kremlin.
Foi o próprio Vladimir Putin que reconheceu isso em entrevista à agência de notícias russa TASS. Para entrar em contato com alguém dentro do Kremlin, é usada uma linha interna oficial.
Putin desconfia da internet porque a considera "uma invenção da CIA".
De fato, Vladimir Putin pediu, em várias ocasiões, aos russos que não usem o Google para suas buscas, pois considera que é uma ferramenta dos Estados Unidos para monitorar os interesses da população. Razão, talvez, não falte: o monitoramento da empresa é usado para seus interesses comerciais.
Em vez da Internet, Vladimir Putin usa o método tradicional: papel. "O dia começa com três documentos informativos de segurança. Um sobre o que acontece no mundo, outro sobre o que acontece na Rússia e outro dentro da elite", destaca Mark Galeotti em suas declarações à BBC.
A situação pessoal do presidente russo é de isolamento quase monástico. Se a pandemia limitou seu acesso a algumas pessoas, o ataque à Ucrânia pode tê-lo aguçado.
De fato, a saúde de Vladimir Putin é tratada como uma questão de segurança nacional. Quem quiser vê-lo deve passar por quarentena, exame médico e vários PCRs. Emmanuele Macron, presidente da França, recusou-se a a seguir essas diretrizes e irritou o líder russo.
A famosa foto de Macron do outro lado de uma mesa longuíssima deveu-se à recusa do francês em fazer testes antes de falar com Putin. Embora o uso de mesas muito longas para manter uma distância de segurança exagerada seja comum desde o início da pandemia.
Prova disso é esta imagem de Putin em reunião com aliados, como seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu. Alguns meios de comunicação apontaram que a covid-19 isolou Putin e o colocou à beira da paranoia.
O Putin que atualmente protege sua existência contra ameaças externas parece muito diferente daquele que, em outros tempos, exibia-se como um aventureiro experiente, cavalgando, caçando ou pescando na Sibéria.