Assim era o plano secreto do Kremlin para Putin ganhar as eleições
O site de notícias da Estônia, Delfi, obteve uma série de documentos russos, em dezembro de 2023, que descreviam como o Kremlin planejava ajudar Putin a vencer as eleições presidenciais na Rússia.
O Delfi compartilhou os arquivos com vários meios de comunicação investigativos internacionais, incluindo a VSquare, uma organização de notícias inglesa, sem fins lucrativos, focada em assuntos da Europa Central.
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Os investigadores da VSquare observaram que os arquivos forneciam informações sobre como a Rússia criava uma rede de propaganda pan-russa para a censura, considerando os territórios ucranianos recentemente anexados.
A equipe de investigação da VSquare revelou que o Kremlin gastou 1,1 bilhões de euros (em escala americana) em três categorias: a guerra de informação, o esforço para a reeleição de Putin e as opiniões das pessoas em territórios ocupados.
Cerca de 631 milhões de euros foram gastos para a guerra de informação. No entanto, os documentos também mostraram que foi dada especial atenção aos territórios anexados, para “garantir a lealdade da população local”.
“Esses documentos são importantes por dois motivos. Primeiro, confirmam exatamente como o Kremlin quer remodelar a ideologia do Estado russo”, explicou Mark Galeotti, analista que teve acesso aos documentos.
“Em segundo lugar, mostram como isso é realizado a um nível micro. Apesar de toda esta pompa, há um regime que pensa que está em apuros”, disse Galeotti, ao VSqaure.
A VSquare informou que os documentos vieram do bloco político interno da administração presidencial, liderado por Sergei Kiriyenko, de 61 anos. Os investigadores também comprovaram sua autenticidade com vários especialistas.
O site independente russo de notícias investigativas, Meduza, também teve acesso aos documentos vazados e divulgou sua análise.
Grande parte do dinheiro alocado foi usada para financiar projetos no cinema, na televisão e conteúdos online russos, destacando os "valores tradicionais russos".
Uma peça-chave da mídia pró-Putin, apontada por Meduza, foi uma série de 2023, chamada 'The Boy's Word'. Através do enredo, que ilustra gangues de jovens em Kazan na década de 1980, a série pretendia mostrar as mudanças positivas da vida no país.
A VSquare relatou que um dos documentos vazados era do Internet Development Institute (IRI), que havia sido encarregado de criar conteúdos adequados para influenciar o "contexto emocional" dos eleitores, favorecendo a eleição presidencial de Putin.
O conteúdo criado deveria cumprir quatro objetivos, incluindo a defesa do interesse nacional, os valores culturais e tradicionais do país e a mudança positiva na qualidade de vida dos russos.
Além disso, os documentos diziam que era preciso destacar os heróis atuais, os motivos de orgulho para o povo russo e os grandes nomes da Rússia. Já para os residentes dos territórios ocupados, os requisitos de conteúdo visavam uma ideia central: “Estamos juntos”.
“Os ‘Kremlin Leaks’ revelaram os detalhes financeiros do ecossistema criado para impulsionar a narrativa desejada pelo poder russo”, explicou Vlad Strukov, professor da Universidade de Leeds e especialista em cinema russo, citado pela France24.
O resultado das eleições mostrou que os esforços para reeleger o líder russo valeram a pena. Putin foi reeleito para um quinto mandato, no dia 17 de março de 2024, com quase 88% dos votos.
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