Ataques dos EUA contra Houthis podem levar a uma guerra maior
Desde que os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram, em 11 de janeiro, uma série de ataques aéreos contra o grupo rebelde Houthi, do Iêmen, que prometeu uma resposta, o mundo está alerta para o risco de uma nova guerra.
Os Houthis são um grupo armado de minoria muçulmana xiita, apoiado pelo Irã e que luta pelo controle do Iêmen, desde 2014, de acordo com a BBC News. No entanto, suas origens remontam à década de 1990.
Após os ataques de Israel à Gaza, iniciados no final de 2023, os Houthis prometeram apoiar o Hamas e atacar quaisquer navios que navegassem, no Mar Vermelho, para Israel.
E foi o que aconteceu. Um navio israelense foi rapidamente apreendido e a navegação comercial foi atacada.
A partir daí, os ataques com mísseis balísticos e drones contra navios comerciais na região aumentaram cerca de 500% entre novembro e dezembro, segundo a BBC News. Isto ameaçou a economia mundial e provocou uma resistência ocidental.
“As principais companhias marítimas deixaram de navegar, na região, e os custos dos seguros aumentaram 10 vezes, desde o início de dezembro”, explicou a BBC.
Empresas como a Mediterranean Shipping Company, Maersk e Hapag-Lloyd e a BP começaram a desviar os seus navios do Mar Vermelho, o que foi um grande problema, uma vez que a rota representa 15% do comércio global.
Como consequência, de acordo com a Axios, as taxas à vista para o transporte marítimo para a Ásia e o Norte da Europa aumentaram 173%, e as norte-americanas, 52%.
Em dezembro, a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Adrienne Watson, acusou o Irã de estar “profundamente envolvido” nos ataques Houthi à navegação comercial no Mar Vermelho, segundo a CBS News.
A declaração suscitou receios de que a situação se agravasse, se fossem tomadas medidas para frear os ataques do grupo rebelde.
A situação, finalmente, atingiu um ponto de crise e Joe Biden ordenou os ataques aos Houthis.
Entretanto, o The New York Times noticiou, em 14 de janeiro, que as capacidades do grupo rebelde para atacar navios ainda estavam praticamente intactas.
O Irã condenou os ataques EUA-Reino Unido contra os Houthis, alegando que iriam alimentar “insegurança e instabilidade” na região, segundo a Reuters.
O porta-voz iraniano, Nasser Kanaani, disse também que os ataques constituíram uma v i o l a ç ã o do direito internacional.
Uma segunda rodada de ataques foi realizada em 12 de janeiro, no que foi descrito como uma “ação de continuação a um alvo militar específico”, pelo Comando Central dos EUA.
Crédito da foto: Wiki Commons da foto da Força Aérea dos EUA
“Este novo ataque terá uma resposta firme, forte e eficaz”, disse o porta-voz Houthi, Nasruldeen Amer, à Al Jazeera. Entretanto, ele garantiu que o ataque não resultou em quaisquer feridos ou quaisquer “danos materiais”.
Apesar do poder esmagador dos Estados Unidos e dos seus aliados, a retaliação Houthi provavelmente ocorrerá, na opinião do ex-secretário de Defesa britânico, Sir Malcolm Rifkind.
“Os Houthis (foto) vão querer provar que não podem ser dissuadidos”, disse Malcolm Rifkind ao The Independent.
“Portanto, ficarei muito surpreso se não houver pelo menos mais um incidente. Pode até não ser imediato, pode ser daqui a uma semana ou 10 dias. Ou pode ser nas próximas 48 horas. Quando isso acontecer, haverá outro ataque americano”, acrescentou Rifkind.
Crédito da foto: Wiki Commons da foto da Marinha dos EUA
O presidente Biden enviou uma “mensagem privada” ao Irã, em meio aos ataques aéreos contra os Houthis, informando que os Estados Unidos estavam “confiantes” e “bem preparados”, de acordo com a BBC News.
O Irã nega qualquer envolvimento nos ataques que ocorreram no Mar Vermelho, mas as tensões na região são, agora, tão elevadas que dificilmente poderão diminuir, se os Houthis cumprirem sua promessa de vingança.