Rússia faz nova ameaça sobre uso de seu arsenal nuclear
As ameaças nucleares russas e os ataques políticos no cenário global aumentaram muito desde que Vladimir Putin ordenou a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, dando a sensação de que algo maior e pior pode acontecer.
Esta sensação foi reforçada por declarações preocupantes do próprio presidente russo e de autoridades como o vice-presidente do Conselho de Segurança Russo, Dmitry Medvedev sobre a política nuclear do país.
Recentemente, foi o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, o responsável de seguir com esta estratégia russa de ameaças.
"A experiência adquirida durante a operação militar especial também mostrou que a formulação excessivamente geral que está consagrada nos nossos principais documentos doutrinários nucleares é insuficiente", disse Ryabkov em entrevista ao Channel One, um canal de televisão estatal russo.
Ryabkov acrescentou: “O Ocidente, e principalmente os países da OTAN, ignoram o nosso potencial nesta área”.
O Vice-Ministro da Defesa russo prosseguiu dizendo que os pensamentos ocidentais sobre a atual doutrina nuclear na Rússia “tornam necessário dizer de forma mais clara, mais distinta e mais precisa o que pode acontecer, desde que persistam nisso”.
Ryabkov defendia, essencialmente, que Moscou precisava clarificar a sua doutrina nuclear para afirmar exatamente o que aconteceria se os países ocidentais e a OTAN continuassem a subestimá-la.
Em junho, Putin já havia dito, em entrevista coletiva, que as nações ocidentais estavam erradas ao acreditarem que a Rússia não utilizaria as suas armas nucleares.
“Por alguma razão, o Ocidente acredita que a Rússia nunca a utilizará”, afirmou Putin, segundo a BBC News. “Temos uma doutrina nuclear, vejam o que diz”, acrescentou o presidente russo.
“Se as ações de alguém ameaçam a nossa soberania e integridade territorial, consideramos possível utilizar todos os meios à nossa disposição”, continuou Putin. "Isso não deve ser encarado levianamente, superficialmente."
De fato, em maio, a Rússia realizou exercícios nucleares no Distrito Militar do Sul. O Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) tentou fornecer uma resposta sobre o porquê destas iniciativas.
A Diretora do Projeto sobre Questões Nucleares do CSIS, Heather Willaims, argumentou que o uso de armas nucleares faz parte da estratégia russa na Ucrânia, por uma série de razões úteis.
“O Kremlin percebe claramente algum benefício desta estratégia. Uma razão pode ser a dissuasão e a sinalização nuclear. Outra é porque tem escapado impune”, explicou Willaims.
“Estes comportamentos de risco são essencialmente gratuitos para Moscou e atraíram pouca ou nenhuma resposta da comunidade internacional em geral, para além das declarações dos Estados Unidos e de alguns estados europeus”, acrescentou Williams.
A resposta adequada a tais ameaças, de acordo com Williams, deveria ser um confronto que inclua a imposição de custos diplomáticos ou econômicos a Moscou.
“Embora a Rússia possa perceber que sua ameaça nuclear tem um efeito dissuasor estabilizador e mantém o Ocidente afastado, também elevou os riscos nucleares ao nível mais alto, desde o fim da Guerra Fria”, concluiu Williams.
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