Chefe de Inteligência da Ucrânia fala de objetivo pós-guerra e assassinatos secretos
O chefe da inteligência ucraniana, major-general Kyrylo Budanov, concedeu uma entrevista ao canal do YouTube Rizni Lyudi e disse o que queria ver depois que a guerra com a Rússia terminasse.
De acordo com o The Times, Budanov argumentou que, mesmo que o povo russo derrubasse o governo de Vladimir Putin, seria importante uma zona de fronteira desmilitarizada cerca de 100km para dentro da Rússia. Isso evitaria o surgimento de conflitos futuros.
"Este deve ser o nosso objetivo. Se eles não vão atacar e não decidirem que querem vingança em alguns anos, isso não deveria ser um problema", disse Budanov.
Crédito da foto: screenshot/ YouTube @DIFFERENT_PEOPLE
Nenhum detalhe foi dado sobre como essa fronteira desmilitarizada seria estabelecida, após o fim da guerra.
Entretanto, tal condição seria altamente improvável em um acordo negociado, a não ser que a Rússia se rendesse incondicionalmente.
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Além disso, Budanov admitiu que a Ucrânia havia assassinato propagandistas russos, informação que nunca havia sido confirmado oficialmente.
"Já alvejamos, com sucesso, algumas pessoas", revelou Budanov quando lhe perguntaram se os Serviços de Segurança da Ucrânia haviam matado propagandistas russos.
Crédito da foto: screenshot/ YouTube @DIFFERENT_PEOPLE
"Houve casos bem divulgados que todos conhecem, graças à cobertura da mídia", continuou Budanov, de acordo com uma tradução do The Times.
Por outro lado, o chefe da inteligência ucraniana não disse nomes. Mas por que Budanov admitiria ter assassinado propagandistas russos?
Para Mark Galeotti, do Spectator, as falas de Budnaov foram, provavelmente, uma continuação de sua “campanha de guerra psicológica”. Em outra ocasião, ele disse que um golpe estava em andamento para derrubar Putin.
Esta interpretação pode explicar o porquê de o chefe da inteligência também revelar que oficiais ucranianos estiveram em contato com o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko. Supostamente, o objetivo era mantê-lo fora da guerra, esforços que Budanov disse terem sido bem-sucedidos.
"Independentemente de gostarmos dele ou não, Alexander Lukashenko não é i d i o t a. Ele não quer que outro 24 de fevereiro aconteça na Belarus", disse Budanov a Rizni Lyudi, de acordo com uma tradução do canal de notícias independente inglês e russo, Meduza.
"O Kremlin não levou em consideração a opinião dele, ao invadir a Ucrânia, e ele aprendeu suas lições. Já faz muito tempo desde que a Belarus disparou contra a Ucrânia", acrescentou Budanov.
O deputado ucraniano Yevheniy Shevchenko foi o encarregado de fazer contato com Alexander Lukashenko, para manter a Belarus fora da guerra, de acordo com a tradução de Meduza. Se for verdade, significa que os ucranianos têm sido altamente eficazes em sua missão.
No entanto, as declarações de Kyrylo Budanov poderiam estar somente destinadas a minar a confiança do Kremlin em seus aliados.
The Times observou que os comentários de Budanov podem “alimentar o medo de uma escalada na guerra”.