O aumento dos "Clubes da Luta" neonazistas nos Estados Unidos e no Canadá

A primeira regra do Clube da Luta é não falar sobre isso. No entanto, especialistas, jornalistas e agentes políticos estão de olho nos novos e modernos formatos destes terríveis defensores da supremacia branca.

Em uma exposição exclusiva, a Vice News colocou Kristoffer Nippak no centro das atenções. Esse homem de 25 anos, de Ontário, é um dos grandes seguidores de uma vasta rede descentralizada de neonazistas que se fazem passar por grupos de condicionamento físico, conhecidos como Active Clubs.

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Apesar da pouca idade, Kristoffer Nippak tem uma longa história de envolvimento com a cena neonazista canadense.

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Nippak foi membro fundador da ramificação canadense da Atomwaffen, um grupo de ódio online ligado a vários assassinatos e considerada, no Canadá, como uma organização terrorista.

Alguns especialistas acreditam que os Active Clubs podem ser uma milícia que se disfarça de uma rede de clubes esportivos.

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"Há muitas evidências que sugerem que se trata, na verdade, de uma milícia clandestina que faz treinamentos e se prepara para um cenário do Dia X", argumentou Alexander Ritzmann, consultor sênior do Projeto Contra-Extremismo, à Vice News.

Ritzmann não sabe dizer ao certo o que esperar do Dia X, mas especula que poderia ser um cenário parecido ao do ataque ao Capitólio, ocorrido em 6 de janeiro de 2021, nos Estados Unidos, ou ainda pior.

A revista Rolling Stone explicou que os Active Clubs preenchem o vazio deixado por grupos de extrema direita dizimados, como os Proud Boys e os Oath Keepers.

“Eles são quem os Proud Boys queriam ser”, disse Jon Lewis, especialista em extremismo, da Universidade George Washington, à Rolling Stone.

Os Active Clubs combinam o treinamento em artes marciais mistas, especialmente o kickboxing, com a supremacia branca. Eles foram descritos por especialistas como uma organização que dá ao movimento neonazista uma aparência mais elegante e palatável.

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De acordo com a NPR, os Active Clubs foram fundados em dezembro de 2020, pelo autoproclamado fascista, Robert Rundo. Em março de 2023, ele foi preso na Romênia e extraditado para a Califórnia, onde enfrentará acusações de promover a violência.

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O pesquisador investigativo do Bellingcat, Michael Colborne, disse à NPR que Rundo importou o modelo hooligan europeu de extrema direita para a América do Norte, com quatro pilares: Fashion, Fitness, Fighting, Fascism (Moda, Fitness, Luta e Facismo, em português).

Na verdade, grande parte da estética dos Active Clubs parece ser inspirada no filme de David Fincher, “Clube da Luta”, de 1999, sobre um clube underground de homens frustrados com a sociedade moderna que evolui para o terrorismo.

No geral, os Active Clubs fazem um recrutamento localizado e cultivam uma imagem elegante, o que torna mais difícil vinculá-los a atividades ilícitas.

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A Liga Antidifamação explicou que os Active Clubs alegam ter como foco o nacionalismo, a camaradagem masculina, a cultura do guerreiro espiritual e uma alternativa à cultura esquerdista, para ocultar seus pontos de vista mais extremos.

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Entre outras coisas, os Active Clubs promovem a Teoria da Grande Substituição, uma teoria racista segundo a qual as pessoas não brancas buscam, sistematicamente, substituir a população branca.

Os Active Clubs também promovem a ideia de "unidade branca" em face de uma guerra racial iminente. Tanto é assim, que seu foco em esportes de combate é visto como uma preparação para esse conflito.

De acordo com um relatório do Projeto Contra-Extremismo, citado pela Rolling Stone, os Active Clubs cooperam e conectam-se entre si, mas permanecem operacionalmente independentes.

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Isto significa que se um líder for preso ou se um clube for fechado, o efeito sobre o resto da rede será mínimo.

É difícil dizer quantos membros fazem parte dos Active Clubs, nos Estados Unidos e no Canadá, ou até que ponto conseguiram se infiltrar em entidades e agências políticas.

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Esperançosamente, assim como os Proud Boys e os Oath Keepers, os Active Clubs serão trazidos à luz, antes que possam causar mais danos às pessoas e à sociedade.