Conheça o Movimento John Frum, a religião que cultua um misterioso militar!
Todo dia 15 de fevereiro, nativos da ilha de Tanna, em Vanuatu, país localizado no sul do Oceano Pacífico, desfilam, adorando uma figura mítica para eles.
O Movimento John Frum não é uma religião das mais comuns. Os fiéis vestem roupas que imitam o uniforme dos militares dos EUA da década de 1940.
Em vez de igrejas ou templos, eles fazem seus rituais em bases militares e pistas de pouso improvisadas.
O messias do movimento em questão é um soldado americano conhecido como John Frum, cujos seguidores aguardam o seu prometido regresso.
“John prometeu que nos trará carregamentos de aviões e navios da América se orarmos por ele”, disse um ancião da aldeia à Smithsonian Magazine. “Rádios, TVs, caminhões, barcos, relógios, geladeiras, remédios, Coca-Cola e muitas outras coisas maravilhosas”, acrescentou o entrevistado.
Ninguém sabe exatamente como surgiu o Movimento John Frum. Especialistas relatam que os moradores da década de 1930 já falavam sobre um prometido homem branco de casaco que traria comida e roupas.
O fato é que, durante a Segunda Guerra Mundial, os militares dos Estados Unidos estabeleceram bases na ilha de Tanna, trazendo centenas de militares.
Os nativos viram como os homens americanos uniformizados faziam exercícios rigorosos e recebiam do céu caixas cheias de comida e outros bens.
O Movimento John Frum, segundo os antropólogos, faz parte de um grupo de sistemas de crenças relativamente modernos, chamado Culto à Carga, que baseiam-se na ideia da chegada de uma divindade, herói ou ancestral, que trarão bens e anunciarão uma nova era.
Essas crenças começaram quando os nativos observaram e compreenderam mal o sistema de entrega usado pelos oficiais coloniais. No entanto, os antropólogos também apontam um desejo de progresso e modernidade, por parte dos seguidores.
Os Cultos à Carga são, geralmente, encontrados no Pacífico Sul, onde os crentes construíram cais cerimoniais ou pistas de pouso, para aguardar a chegada de seu messias.
A ilha de Tanna também conta com o Movimento Príncipe Phillip. Os membros veneram o falecido duque de Edimburgo como um ancestral, que deixou a aldeia, há muito tempo, para se casar com uma grande mulher.
Um artigo do New York Times de 1970 explica que John Frum é descrito como um homem baixo e louro que instou os chefes tribais a expulsarem os missionários presbiterianos, que haviam proibido suas danças e outros costumes antigos.
Um dos chefes tribais comentou ao The New York Times que se as pessoas esperaram quase 2 mil anos por Cristo, poderiam esperar um pouco pelo retorno de John Frum.
No entanto, tal como acontece com muitas religiões atuais, o número de seguidores do Movimento John Frum está a diminuir. Alguns estimam que restam apenas cerca de 500 fiéis, já que a maior parte da população de Tanna tem se convertido, lentamente, ao cristianismo.
Por esta razão, alguns definiram o Movimento John Frum como o último Culto à Carga existente no mundo.