Drones da Ucrânia compensam escassez de armas e munição do país?
As Forças Armadas Ucranianas revolucionaram o campo de batalha moderno com o uso da guerra de drones. Mas serão estes sistemas de armas a chave para a vitória da Ucrânia contra a Rússia? A pergunta tem apenas uma resposta.
Os drones têm sido uma das ferramentas mais importantes utilizadas pela Ucrânia para compensar o grande desequilíbrio entre seu poder militar e o da Rússia. Entretanto, não são suficientes, segundo Volodymyr Zelensky.
“Produzimos muitos drones, mas eles não são uma alternativa a qualquer tipo de arma”, disse o presidente ucraniano ao correspondente de guerra do jornal alemão Bild, Paul Ronzheimer, no dia 2 de abril.
Embora o aumento da produção de drones tenha ajudado muito as Forças Armadas do país, Zelensky reforçou que não eram “um substituto para armas, míssies e artilharia de longo alcance”.
De qualquer forma, os drones têm sido, certamente, uma das principais inovações definidoras da guerra, desde o começo. Foram projetados para destruir tanques, no campo de batalha, e atacar, profundamente, o território russo.
Os drones de superfície marítima têm sido, indiscutivelmente, o fator determinante de grandes sucessos de Kiev no Mar Negro.
Em março de 2024, a Associated Press informou que foi a utilização inteligente de barcos drone, controlados remotamente e carregados de explosivos, que “permitiu à Ucrânia inclinar a balança da guerra naval a seu favor, apesar da enorme superioridade da Rússia em poder de fogo”.
Já os drones com visão em primeira pessoa, que operam em terra, assumiram o controle do campo de batalha como ferramentas de reconhecimento e como explosivos aéreos. No entanto, não conseguem ter o mesmo efeito nas tropas russas.
Em 9 de abril, o analista Samuel Bendett, do think tank Center for Naval Analyses, disse à Foreign Policy que os drones de visão em primeira pessoa usados no campo de batalha têm um grande problema.
Estas armas têm um curto alcance, uma vez que só podem ser usadas a distâncias de até 20 quilômetros.
A Foreign Policy acrescentou que os drones de Kiev têm câmeras baratas, o que os torna difíceis de usar em mau tempo e à noite. Eles também costumam carregar munições improvisadas que podem ser indicadas em pleno voo.
Além disso, Rob Lee, membro sênior do programa da Eurásia do Foreign Policy Research Institute, explicou que a taxa geral de sucesso dos drones da Ucrânia é inferior a 50%. Os que conseguem passar, provavelmente, não destroem seu alvo.
“Os drones FPV, geralmente, não matam um tanque nas primeiras vezes. Podem ser necessários 10 ou mais para isso”, acrescenta o analista. Além do mais, a Rússia pode mobilizar um grande número de soldados contra os ucranianos, algo que só a munição de artilharia adequada poderia ajudar a resolver.
Os drones com visão em primeira pessoa não podem se igualar à alta cadência de tiro ou aos efeitos explosivos da munição de artilharia. Além disso, a guerra eletrônica não tem qualquer efeito sobre os projéteis de artilharia. “É apenas uma bomba voando pelo ar”, observou a Foreign Policy.
Outro aspecto importante é que os drones não podem evitar os contínuos ataques de mísseis aéreos e drones kamikaze russos, reconheceu Zelensky, na entrevista ao Bild.
“Se não tivermos sistemas de defesa aérea e armas de longo alcance adequadas à altura de Putin, ele destruirá o nosso país. Esta guerra será assim: destruição completa, destruição de áreas fronteiriças, cidades, aldeias e assim por diante”, foram as palavras do presidente ucraniano.