Grande Substituição, a teoria racista que ganha espaço nos Estados Unidos
A "Grande Teoria da Substituição" pode estar por trás dos ataques racistas que assolam os Estados Unidos, como o mais recente tiroteio em massa por parte de um homem branco.
Payton Gendron, de 18 anos, é acusado de matar dez pessoas e ferir outras três, em um supermercado da cidade de Buffalo. Ele teria declarado em um manifesto que a queda na taxa de natalidade de pessoas brancas era basicamente um genocídio.
A teoria da Grande Substituição baseia-se na ideia de que pessoas negras estão sendo levadas para países ocidentais como os Estados Unidos, em um esforço para "substituir" os eleitores brancos, com o objetivo de alcançar uma agenda política.
O Fórum Nacional de Imigração relata que supremacistas brancos e grupos anti-imigração frequentemente endossam a teoria.
De acordo com a NPR, muitos supremacistas acreditam que um influxo de imigrantes não brancos “levará à extinção da raça branca” e que, por causa disso, os Estados Unidos deveriam fechar-lhes as fronteiras.
A rádio NPR conversou com Adolphus Belk Jr., professor de ciência política e estudos afro-americanos da Universidade Winthrop. Ele diz que movimentos como o da Grande Substituição ganham popularidade quando "pessoas de cor são vistas como uma ameaça nas esferas política e econômica".
Em outras palavras, segundo Belk, os nacionalistas brancos têm medo de não serem mais a maioria da população e, portanto, veem as pessoas de cor como uma ameaça tanto para si mesmos quanto para a nação.
De acordo com o Fórum Nacional de Imigração, a teoria da "Grande Substituição" tem sua origem em livros de nacionalismo francês do início dos anos 1900.
Mas a aplicação atual da teoria é atribuída ao escritor francês Renaud Camus (foto), que escreveu "Le Grand Remplacement" ou 'The Great Replacement', publicado em 2011.
Em seu livro, Camus promove a crença de que os europeus brancos "estão sendo colonizados por imigrantes negros e pardos, que inundam o continente no que equivale a um evento de nível de extinção".
Camus foi influenciado pelo romance de 1973, 'The Camp of the Saints' ('O Acampamento dos Santos', em tradução livre'), do autor francês Jean Raspail. A obra conta a história de imigrantes que trabalham juntos para dominar a França.
De acordo com a Liga Anti-Difamação (ADL), muitos supremacistas estão furiosos com a comunidade judaica nos Estados Unidos.
ADL diz que eles culpam a comunidade judaica pela imigração não-branca nos Estados Unidos. A teoria da substituição também está associada ao antissemitismo.
O movimento usa um slogan de quatorze palavras: "Devemos garantir a existência de nosso povo e um futuro para as crianças brancas".
O Southern Poverty Law Center diz que o slogan foi feito por David Lane (foto), um membro proeminente da The Order, um grupo de supremacia branca.
As consequências do movimento da "Grande Substituição" são extremamente visíveis nos Estados Unidos, hoje. Em 2021, o FBI informou que os crimes de ódio nos EUA estavam no nível mais alto dos últimos doze anos, principalmente devido a um aumento maciço de ataques a americanos asiáticos e negros.
Em sua declaração sobre o tiroteio em massa em Buffalo, em meados de maio, o presidente Joe Biden disse: "Um crime de ódio racialmente motivado é abominável para o próprio tecido desta nação. "
Biden continuou: “Qualquer ato de terrorismo doméstico, incluindo um perpetrado em nome de uma repugnante ideologia nacionalista branca, é antitético a tudo o que defendemos na América. Terrorismo doméstico alimentado pelo ódio."