"Inflação da picanha" desafia brasileiros e pressiona o governo
A picanha, símbolo do churrasco e da celebração nacional, tem subido de preço, e seu consumo no cotidiano brasileiro sofrido um forte impacto.
Esta inflação gera preocupação no governo, especialmente porque uma das promessas do presidente Lula era que todos voltariam a consumir a carne.
Neste final de ano, o preço da carne registrou uma alta de 7,54%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), informou a BBC.
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Com os valores lá em cima, o risco de essa situação impactar negativamente a popularidade do presidente aumenta.
De acordo com André Almeida, gerente da pesquisa de inflação do IBGE, a alta no preço dos alimentos é impulsionada por três fatores: as condições climáticas, a redução do rebanho disponível para abate e a valorização do dólar, publicou O GLOBO.
No que diz respeito aos fatores climáticos, “as secas deste ano afetaram diversas safras agrícolas e a pecuária, elevando os custos de produção”, disse André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), em entrevista à BBC.
“Os impactos ocorrem na agropecuária devido à migração para a criação de gado em confinamento, o que envolve custos muito maiores e influencia diretamente no preço da carne e dos lácteos”, afirmou Anna Fercher, head de Customer Success e Insights da Neogrid, em entervista à CNN.
Além disso, o preço da carne também sofreu devido ao aumento simultâneo da demanda tanto no mercado interno quanto no externo.
No mercado internacional, a valorização do dólar tornou a carne brasileira mais competitiva e atrativa para compradores estrangeiros.
Já no mercado interno, com a alta demanda, os preços tendem a subir.
Mas isso não significa que todos possam desfrutar de uma mesa farta. Pelo contrário, as pessoas mais empobrecidas são as que mais sofrem com a subida de preço dos alimentos.
Isso porque as famílias de baixa renda destinam a maior parte de seus recursos a alimentos, habitação e transporte público, apontou Maria Andreia Lameiras, técnica do Ipea, à BBC.
Aliás, a carne não é o único alimento impactado pela alta de preços. Em novembro, destacaram-se aumentos significativos como o da laranja-lima (25%), do óleo de soja (8,38%) e do tomate (8,15%), segundo dados divulgados pela BBC.
"Até dezembro, não tem espaço para o preço da carne cair", disse Thiago Carvalho, coordenador da área de pecuária no Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, publicou o mesmo meio de comunicaçao.
Foto: Unsplash - Daniel Dan
"Mas janeiro é um período tradicional de ressaca de todos os produtos, quando há uma oferta maior e isso pode pressionar os preços para baixo", continuou Carvalho.
Foto: Unsplash Ray Hennessy Fireworks
Esse cenário reforça a necessidade de adaptação do setor e do consumidor diante dos desafios que pressionam o preço da picanha, tornando-a ainda mais valorizada no mercado interno.
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