Encontro de Milei e Bolsonaro pode prejudicar relação Argentina-Brasil?

Parceiros em conflito
Conferência da Ação Política Conservadora
Bolsonaro, perseguido
Citados nominalmente
Sem reuniões privadas
Sem ajuda do governo federal
Preferências
Nenhum pedido de desculpas
Parceiros em conflito

A Argentina e o Brasil são os maiores parceiros econômicos da América do Sul. No entanto, seus presidentes não conseguem se entender. Na sua primeira viagem ao Brasil, após tomar posse da Casa Rosada, o presidente argentino Javier Milei não visitou Lula, seu homólogo brasileiro. Além disso, elogiou o ex-presidente Jair Bolsonaro, numa reunião de representantes conservadores no sul do país.

Conferência da Ação Política Conservadora

Javier Milei foi a estrela da Conferência da Ação Política Conservadora (CPAC), realizada no último final de semana em Camboriú, Santa Catarina. O evento é a versão sul-americana do encontro homônimo que acontece desde 1974 nos Estados Unidos, e onde políticos, ativistas, formadores de opinião e público em geral discutem ideias conservadoras nas mais diversas áreas.

Bolsonaro, perseguido

Segundo El Periódico, em seu discurso de aproximadamente meia hora, Javier Milei disse: “Vejam a perseguição judicial sofrida pelo nosso amigo Jair Bolsonaro. Bolsonaro está envolvido em diversas investigações policiais que vão desde a venda de joias recebidas como chefe de Estado em benefício próprio até a tentativa de golpe contra Lula em 8 de janeiro de 2023.

"Os filhos de alguns"

Sem mencionar Lula, Millei criticou o que afirma ser o modo de vida dos que estão no poder no Brasil. “Vejam como vivem os filhos de alguns de seu próprio país. São todos bilionários que vivem como se tivessem inventado o Google”, disse Milei segundo El Periódico.

Citados nominalmente

Numa crítica ao que considera “socialismo” no continente, Milei mencionou alguns presidentes da América do Sul: Nestor Kirchner e Cristina Kirchner da Argentina, Hugo Chávez e Nicolas Maduro da Venezuela, e Evo Morales da Bolívia, segundo o site G1. Ele também insistiu que o atual presidente boliviano, Luis Arce, promoveu um “falso golpe de Estado”.

Sem reuniões privadas

Lula e Milei já estiveram juntos na cúpula do G7, em junho deste ano, na Itália, mas não realizaram nenhum encontro privado.

Sem ajuda do governo federal

Segundo o G1, a visita de Javier Milei ao Brasil foi comunicada oficialmente às autoridades diplomáticas no dia 4 de julho. O presidente argentino rejeitou qualquer apoio do governo federal brasileiro e teve sua segurança e transporte garantidos pelo estado de Santa Catarina, onde ocorreu o evento, e cujo governador foi um dos palestrantes da CPAC.

Preferências

Javier Milei preferiu participar da reunião dos conservadores a ir à Cúpula do Mercosul, que aconteceu na segunda-feira, 8 de julho, em Assunção, no Paraguai. A Argentina foi representada pela sua ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino. Segundo El Periódico, a delegação argentina chegou à cúpula com ideias contrárias à defesa do meio ambiente.

Foto: Flickr – Ricardo Stuckert/PR

"Uma imensa bobagem"

Durante o encontro, Lula da Silva manifestou-se decepcionado com o não comparecimento de Javier Milei. “É uma bobagem imensa o presidente de um país importante como a Argentina não participar de uma reunião com o Mercosul, é triste para a Argentina. A Argentina é um país extremamente importante para o sucesso do Mercosul”, disse o presidente brasileiro segundo a Agência Brasil.

Nenhum pedido de desculpas

O confronto entre Milei e Lula dura meses, já que, durante sua campanha, o argentino chamou o brasileiro de “corrupto” e “comunista”. Em junho, Milei disse as mesmas coisas novamente. Quando o presidente brasileiro exigiu um pedido de desculpas, Milei recusou categoricamente. Segundo o Infobae, na reunião do G7, Lula afirmou que a Argentina “é um país muito importante para o Brasil, o Brasil é muito importante para a Argentina, e não é um presidente da República que vai criar uma cizânia entre o Brasil e a Argentina”.

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