Motins na maior fábrica de iPhone do mundo, após medidas da China
Quarta-feira, 23 de novembro. Vídeos gravados na Foxconn, a maior fábrica de iPhones do planeta, em Zhengzhou, começam a espalhar-se pelas redes sociais. São protestos violentos de empregados contra as condições de trabalho.
Nos vídeos, é possível ver imagens como esta, em que um trabalhador joga uma cadeira em uma cabine de controle de acesso. Segundo a BBC, muitos estão isolados na fábrica, devido à rigorosa política de covid zero, da China. Um trabalhador, em um dos vídeos, garantiu: “Eles nos colocam em quarentena, mas não nos dão comida”.
Na Foxconn, trabalhadores foram impedidos de sair da fábrica, após estourar um surto de covid-19. Novos empregados, por sua vez, acreditaram na promessa de que receberiam um bônus ao aceitar o trabalho.
Segundo inúmeros testemunhos nas redes sociais, os trabalhadores têm de viver dentro da fábrica em condições insalubres e sem alimentação. Quanto ao dinheiro extra que lhes foi prometido também não receberam.
Os depoimentos colhidos pela BBC falam da repressão policial e do caos na fábrica da Foxconn. Os trabalhadores dizem que os pacientes de covid-19 que não podem sair são misturados com trabalhadores saudáveis.
A fábrica da Foxconn, localizada em Zhengzhou, é a mais importante para a Apple, na fabricação de seu aparelho mais vendido: o iPhone.
Cerca de 70% dos iPhones do mundo são produzidos nesta fábrica chinesa, o que significa umas 500 mil unidades por dia.
Para atingir uma produção dessa proporção, a fábrica Foxconn conta com mais de 200 mil funcionários, segundo a BBC.
O problema é que, desde outubro, milhares de funcionários desta fábrica foram afetados por um surto de covid-19 que põe seriamente em risco a produção do iPhone para o Natal, período mais importante do ano.
A China aplicou suas rígidas restrições para conter e erradicar o surto, sem, claro, deixar parar a produção dos aparelhos.
Dentro desta política de covid zero está o isolamento dos infectados e seus contatos, controles de fronteira, limitação da mobilidade e testes maciços de PCR, onde quer que haja um caso.
A fábrica foi fechada com os trabalhadores dentro, com o objetivo de não parar a produção. O que ficou conhecido como 'Circuito Fechado'.
Isso tem feito com que muitos funcionários tentem fugir, chegando a pular as cercas da fábrica, como é possível ver em alguns vídeos.
A South China Morning Post estima que a fábrica necessita 100 mil trabalhadores para manter a produção, algo que parece impossível.
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Para isso, o primeiro passo foi convocar soldados aposentados do Exército Popular de Libertação, usando slogans como "Um soldado é um soldado para toda a vida".
Mas a ordem não funcionou como as autoridades esperavam. Alguns milhares de soldados responderam ao chamado da pátria, mas não a quantidade necessária para que a maquinaria esteja em plena capacidade.
No entanto, algumas cidades próximas mobilizaram-se para ajudar, em tempo hábil, nas próximas semanas.
A Apple já comunicou que a produção do iPhone 14 Pro e do iPhone 14 Pro Max vai ser afetada nas próximas semanas.
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Conseguir um desses dois modelos no Natal vai ser muito difícil.
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Se já no seu lançamento, em setembro de 2022, as entregas do iPhone 14 Pro Max demoravam 41 dias e as do iPhone 14 Pro chegavam a 35 dias, tudo indica que neste Natal esses prazos vão ser ainda mais esticados.
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Obviamente, isso pode criar um mercado de revenda paralelo que faria disparar os preços de ambos produtos.