Polêmico crime estudantil na Itália volta à tona com nova condena
A estadunidense Amanda Knox (foto) é uma pessoa conhecida na Itália, por haver sido acusada, condenada e absolvida de um crime cometido em Perugia, Italia, no dia 1 de novembro de 2007. Sua luta por provar sua inocência parecia terminada, mas, agora, o caso ganhou mais um capítulo. Entenda tudo na galeria!
Amanda Knox, e seu namorado, Raffaele Sollecito, descobriram o corpo sem vida, ensanguentado e sem roupas, de Meredith Kercher, na casa que compartilhava com Knox, e chamaram a polícia. O casal também havia encontrado dois celulares de Meredith no jardim de um vizinho.
Tanto o comportamento casual e sorridente de Knox e Sollecito como algumas conclusões da polícia forense contribuíram para levantar suspeitas sobre ambos. Entre elas uma janela da casa que parecia ter sido quebrada por dentro para despistar a investigação.
Entretanto, nos seus depoimentos o casal declarou-se inocente, negando ter estado na casa na noite anterior.
Após dias de interrogatórios, Amanda Knox acusou Patrick Lumumba (foto) de envolvimento no assassinato da colega. Ele, que era dono de um clube, foi preso e libertado após 15 dias, já que a polícia concluiu, graças a depoimentos, que não tinha nada a ver com o crime.
No mesmo dia da libertação de Lumumba, surgiu outro suspeito, Rudy Guede, um marfinense de 21 anos. O jovem foi preso após suas impressões digitais serem encontradas em uma marca de mão com sangue, na cama de Meredith, bem como vários vestígios de DNA espalhados pela casa.
Segundo a versão de Guede, ele havia começado uma relação s e x u a l com Meredith, quando sentiu-se mal e teve que ir ao banheiro. Até que ouviu um grito e encontrou a jovem morta. Decidiu, então, fugir sem pedir socorro.
Durante as investigações, inicialmente, vestígios de DNA de Knox e da vítima foram encontrados em uma faca de cozinha apreendida na casa de Sollecito. Mas os resultados dos testes foram, posteriormente, negados pelos policiais do RIS (Departamento de Investigações Científicas dos Carabinieri). Eles determinaram que só havia vestígios do DNA da menina americana na faca.
Uma prova que parecia capaz de incriminar Raffaele Sollecito foi a descoberta, 46 dias após a tragédia, de vestígios de DNA seus no fecho do sutiã da vítima. Mas, após anos de luta entre o Ministério Público e os defensores, a avaliação técnica foi considerada “pouco confiável”, devido à “contaminação” das provas, tocadas por muitas mãos.
No entanto, dois anos após o assassinato, Knox foi condenada a 26 anos de prisão e Sollecito a 25. De acordo com a sentença de primeira instância, os dois jovens mataram Meredith por um “motivo e r ó t i c o, s e x u a l e violento”, segundo o Corriere della Sera.
Até que, no julgamento de segundo grau, em 2011, apesar de o Ministério Público haver pedido a pena de prisão perpétua para Knox e Sollecito, eles foram absolvidos "por não terem cometido o crime, pois os alicerces em que se baseou a condenação já não existiam". Knox voltou, então, para os Estados Unidos.
Apenas um ano e meio depois, em setembro de 2013, o Supremo Tribunal anulou a sentença e iniciou um novo processo. A promotoria pediu 30 anos de prisão para Amanda e 26 para Raffaele.
Em janeiro de 2015, foi lido o (quarto) veredito, no qual Amanda Knox e Raffaele Sollecito foram condenados por cumplicidade no assassinato de Meredith.
Na foto, Raffaele Sollecito.
A pena foi de 28 anos para ela e 25 para ele, mas como Amanda estava nos Estados Unidos, no caso dela, não foi possível aplicar medidas restritivas, enquanto o passaporte de Sollecito foi retirado.
Dois meses depois, em 28 de março de 2015, saiu a sentença final, em que os dois jovens foram, definitivamente, absolvidos por não terem cometido o crime.
A única pessoa condenada pelo crime ocorrido na casa de estudantes da via della Pergola, em Perugia, foi Rudy Guede, libertado em 2023, após 13 anos de prisão.
No entanto, no dia 5 de junho de 2024, Amanda Knox foi condenada a três anos de prisão e cinco anos de proibição de cargos públicos por calúnia contra Patrick Lumumba. “Não esperava, estou muito decepcionada”, disse ela, segundo a RAI News, após ler a sentença do Tribunal de Apelação de Florença.
“Eu não sabia quem era o assassino”, declarou Knox ao Tribunal de Apelações de Assize, alegando que foi pressionada pela polícia a nomeá-lo. “Nunca quis caluniar Patrick. Ele me consolou pela perda da minha amiga, sinto muito por não ter conseguido resistir à pressão e por ele ter sofrido", completou, segundo a Rai News.
Os anos de julgamentos e sentenças em que a verdade e as provas duvidosas se alternaram deixaram uma profunda suspeita sobre o que realmente aconteceu naquela noite trágica em Perugia.
Desde o primeiro momento, o crime de Meredith transformou-se num incrível caso mediático que dividiu enormemente a opinião pública. Nos Estados Unidos a imprensa sempre apoiou Knox, enquanto, na Itália, a dúvida sobre a sua inocência nunca foi completamente silenciada.
Knox, ao longo dos anos, tornou-se uma pessoa muito conhecida, tanto que, em 2016, a Netflix dedicou a ela um documentário indicado ao Emmy, “Amanda Knox”. Dezessete anos após o assassinato de Meredith, o seu nome ainda está no centro de um dos casos legais mais discutidos e controversos da história recente.