Primeiro dia sem gelo no Oceano Ártico está próximo
Expectativas anteriores previam que a perda do Mar Ártico ocorreria por volta de 2030, mas um estudo recente, publicado na Nature Communications, revelou que um dia sem gelo, na região, poderá ocorrer já no verão de 2027.
Os cientistas responsáveis da pesquisa dizem que a situação é, agora, inevitável e irreversível, independentemente de como os humanos alteram as emissões de gases de efeito estufa.
O estudo reuniu mais de 300 simulações, que mostraram uma linha do tempo acelerada em comparação ao que foi projetado anteriormente.
É importante observar que “sem gelo” não quer dizer que todo o gelo do Ártico derreteria completamente, mas que apenas 7% permaneceriam, diz o estudo.
Foto: Annie Spratt/Unsplash
Durante milhares de anos, o Ártico passou por um evento sazonal natural: camadas de água do mar congelada se acumulam durante os meses de inverno, formando uma espessa camada de gelo que atinge o pico em março e, depois, derrete em setembro.
Foto: Annie Spratt/Unsplash
Mas, nas últimas décadas, esse evento dramático tem sido menos prevalente. O gelo marinho diminuiu em mais de 12% a cada década desde 1978, quando imagens de satélite começaram a registrar o crescimento e o recuo do gelo marinho do Ártico, de acordo com uma reportagem da Euro News.
A longo prazo, se o Oceano Ártico for regularmente declarado livre de gelo, isso poderá impactar significativamente o frágil ecossistema do mar mais ao norte, incluindo desde o "emblemático urso polar até o crucial zooplâncton", diz o estudo.
Além disso, como o sol nunca se põe no Ártico, durante o verão, sem que o gelo reflita a luz solar no espaço, o oceano absorverá e distribuirá uma quantidade substancial de calor ao redor da Terra.
O aquecimento das águas pode, por sua vez, levar a eventos climáticos mais erráticos e extremos, por meio de mudanças nos padrões dos ventos e das correntes oceânicas, observam os cientistas.
Além disso, como o Oceano Ártico não tem nenhuma jurisdição, as indústrias comerciais poderiam explorar oportunidades encontradas nas águas mais quentes do Ártico, como a pesca e a mineração profunda em populações marinhas e minerais antes inacessíveis, por exemplo.
Embora não haja muitas mudanças no dia em que o Ártico apresentar condições sem gelo, isso ainda será simbolicamente significativo, disseram os pesquisadores.
"Isso mostrará que alteramos fundamentalmente uma das características definidoras do ambiente natural no Oceano Ártico, que é o fato de ele ser coberto por gelo marinho e neve o ano todo", disse a climatologista Alexandra Jahn, coautora do estudo, em uma declaração, informou a LiveScience.
Esse "marco sinistro para o planeta" pode de fato acontecer já em 2027, mas provavelmente acontecerá dentro de nove a 20 anos após 2023, diz o estudo, de acordo com a Live Science.
“Como um dia sem gelo provavelmente ocorrerá antes do primeiro mês sem gelo, queremos estar preparados”, disse a principal autora do estudo, Céline Heuzé, em um comunicado, acrescentando que é importante saber quais eventos podem levar ao derretimento do gelo marinho no Ártico.
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Por outro lado, ainda há uma chance de atrasarmos o cronograma para o derretimento do gelo marinho em um futuro próximo, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa, disseram os especialistas.