O relógio em construção para durar 10 mil anos
Em uma montanha do Texas (EUA), um projeto que une ciência, tecnologia e engenharia está em pleno desenvolvimento. Trata-se de algo extremamente desafiador: um relógio capaz de durar dez mil anos. Como isso será possível?
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A ambição dos milionários do mundo parece não ter limites. Jeff Bezos, dono da Amazon e da empresa espacial Blue Origin, é o grande investidor da mega estrutura.
A construção do relógio avançou em 2018, com a escavação subterrânea terminada. Os primeiros e enormes componentes de cronometragem foram montados no subsolo, incluindo a engrenagem principal.
A ideia de construir este relógio foi do cientista computacional Danny Hillis, que lançou a proposta em 1995, publicada pela primeira vez na revista Wired, com o nome de 'The Millennium Clock' ('O Relógio do Milênio', em português).
O cientista é o co-fundador da Applied Minds, professor visitante do MIT Media Lab, professor de Engenharia e Medicina da Universidade do Sul da Califórnia (USC), professor e pesquisador da Escola de Medicina de Keck e da Escola de Engenharia de Viterbi.
Hillis Criou a fundação Long Now para divulgar e informar as novidades sobre sua criação. "Construímos o Relógio para imaginar novas maneiras de sobreviver sem perder-nos", disse Hillis, na página do projeto longnow.org.
A fundação Long Now é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 1996, para fomentar o pensamento a longo prazo.
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Hoje, com a doação de Bezos no valor de 42 milhões de dólares, o relógio está em plena construção e chama-se 'The Clock of The Long Now' ('O Relógio do Longo Agora', em português).
A construção fica dentro de uma montanha, no estado do Texas, nos EUA, próximo à fronteira com o México, e terá 15o metros de altura.
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O relógio é inteiramente mecânico, feito de materiais de longa duração, incluindo titânio, cerâmica, quartzo, safira e aço inoxidável.
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Além disso, para durar tanto tempo, ele será movido a energia solar, com algumas bobinas que podem ser movidas eventualmente pelos futuros visitantes do monumento.
A luz solar, que incide no topo da montanha onde está o relógio, também servirá para mantê-lo precisamente sincronizado com o sol, já que o eixo da Terra inclina-se ao longo dos séculos.
O site do projeto explica: "Quase todo tipo de artefato pode durar 10 milênios, se armazenado adequadamente. O topo da montanha no Texas é deserto e seco, e no eixo do relógio, na parte de baixo, a temperatura é estável, 13°C, independentemente do tempo ou da estação do ano. Isto evita ciclos de congelamento e descongelamento, que podem ser tão corrosivos quanto a água. É um ambiente ideal para um relógio que não para nunca".
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Para visitar o local, será necessária bastante disposição. Primeiro, é preciso fazer uma longa caminhada até a base da montanha. Uma vez lá, o visitante deverá subir uma escada em espiral até o topo, onde começa a viagem para dentro do relógio, com todas as suas engrenagens em funcionamento.
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Esta grande obra de engenharia está programada para soar uma vez por ano. Seus ponteiros completarão uma volta inteira a cada 100 anos e um cuco sairá de seu interior a cada milênio. Tudo isto indica uma pasagem de tempo lenta e duradoura.
Foto: @marlieswirth, Réplica do relógio
Mas, afinal, por que alguém construiria um relógio dentro de uma montanha com a esperança de que ele durasse 10 mil anos?
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A grande proposta do projeto é justamente fazer com que as pessoas pensem e reflitam sobre o futuro. Quando nos questionamos sobre o porquê de um plano tão longevo, imediatamente somos induzidos a conjecturar sobre as condições das próximas gerações, nos próximos milênios.
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Em 2011, Kevin Kelly escreveu um ensaio sobre o relógio milenar, no qual reflete sobre o tempo: "Como um coração que bate enquanto dormimos, o relógio na montanha conta a passagem do tempo, mesmo quando fingimos que o passado não existiu ou que o futuro não virá".
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"Não consigo imaginar como será o futuro, mas preocupo-me com ele. Sei que sou parte de uma história que começa muito antes de mim e continua muito além de minha curta existência. Mas vivo num momento de mudança, e sinto a responsabilidade de garantir que esta mudança ocorra bem. Planto minhas sementes sabendo que nunca viverei para colher os frutos", disse Hillis, sobre 'The Clock of The Long Now'.
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A construção do relógio não tem data certa de finalização, mas todas as novidades estão no site www.longnow.org.
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Além de ciência, a fundação Long Now envolve arte em seus projetos. A instalação 'This Present Moment' (foto), da artista interdisciplinar Alicia Eggert, inaugurada em novembro de 2022, foi feita em parceria com o Fort Mason Center for Arts & Culture. Centrada na escultura de néon de Eggert, a exposição oferece um espaço de reflexão, onde a passagem do tempo é seu foco central.
Foto: @junaid.991