O que Putin "concederia" à Ucrânia em um eventual acordo de paz
Embora os traços gerais de um cessar-fogo não negociável tenham sido delineados em junho, estipulando que a Ucrânia teria que abandonar sua ambição de se juntar à OTAN e deixar a Rússia com todos os seus ganhos territoriais, agora, o presidente russo Vladimir Putin não descarta um acordo um pouco mais flexível, segundo a Reuters.
Primeiro é preciso ter em conta que o lançamento recente de mísseis de longo alcance contra território russo, na opinião do editor de defesa e segurança do The Guardian, Dan Sabbagh, dificilmente alterará a direção da guerra.
Atualmente, a Rússia controla 110.000 km² do território ucraniano, enquanto a Ucrânia detém cerca de 650 km² da região russa de Kursk.
“Da perspectiva da Ucrânia, é melhor tê-las [as terras] do que não tê-las, mas, em última análise, nenhum tipo de arma é decisivo em uma guerra complexa como esta”, disse ele.
Por outro lado, a iminente volta de Donald Trump à Casa Branca pode exercer pressão para que o conflito chegue ao fim, algo que ele já mostrou interesse em mediar.
Assim, cinco fontes anônimas próximas ao Kremlin vazaram algumas pistas sobre como as negociações podem se desenrolar.
De três fontes, há uma sugestão de que Putin pode estar disposto a assumir alguns pequenos compromissos sobre a divisão de quatro regiões o r i e n t a i s da Ucrânia predominantemente sob controle russo: Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson.
Há também a possiblidade de que os pequenos ganhos da Rússia nas regiões de Kharkiv e Mykolaiv, no norte e no sul da Ucrânia, sejam devolvidos à Ucrânia.
Por outro lado, a Crimeia, que foi anexada pela Rússia após a invasão em 2014, não estaria disponível.
A Rússia também mantém sua posição com relação à adesão da Ucrânia à OTAN, mas está preparada para discutir alternativas de segurança para Kiev, de acordo com fontes da Reuters.
Putin “mais de uma vez, declarou que está pronto para contatos e negociações”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em 20 de novembro, relata o serviço de notícias estatal TASS de Moscou.
No início deste novembro, Putin indicou que um cessar-fogo de curto prazo serviria apenas para dar tempo à Ucrânia de se rearmar.
"Se não houver neutralidade, é difícil imaginar a existência de quaisquer relações de boa vizinhança entre a Rússia e a Ucrânia", disse Putin, durante evento em um centro de estudos sediado em Moscou, relata a Reuters.