Putin está prestes a ganhar um novo aliado na Europa
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, o presidente Vladimir Putin transformou o seu país num Estado desprezado no Ocidente.
Contudo, agora, uma fissura pode ter se formado no bloco de nações que se opõem à “operação militar especial” da Rússia.
Nas recentes eleições gerais da Eslováquia, o candidato pró-Rússia, Robert Fico, saiu vencedor, embora ainda precise do apoio de outros partidos para formar governo.
De acordo com a Al Jazeera, a Eslováquia tem ajudado no fornecimento de equipamento militar à Ucrânia e aceitado refugiados da guerra, mas isso pode mudar com Fico.
Fico, que já foi primeiro-ministro entre 2006 e 2010 e novamente entre 2012 e 2018, prometeu cortar o financiamento destinado à Ucrânia e iniciar conversações de paz entre Moscou e Kiev.
Na foto: Fico e o presidente russo Vladimir Putin em 2009
Fico foi forçado a renunciar ao cargo, em 2018, após o assassinato de Ján Kuciak, um jornalista que investigava as conexões entre a máfia italiana e o círculo íntimo do então primeiro-ministro eslovaco.
O Smer, partido de Fico, obteve cerca de 1/4 dos votos, o que significa que ainda precisa fazer coalizão com outros partidos para assumir o poder.
Imagem: @pino_rumbero/Unsplash
A vitória de Fico poderá ser um problema para a política comum da União Europeia e da OTAN, uma vez que a Eslováquia é membro de ambas.
A Hungria é outro país da UE que faz oposição a decisões do bloco.
O Le Monde lembra que Fico prometeu, durante a campanha, não rejeitar a ajuda militar à Ucrânia, mas também opor-se às sanções contra a Rússia.
Fico também disse que iria trabalhar em conjunto com o governo húngaro, o que poderia quebrar o isolamento de Orbán na sua posição anti-Kiev dentro da UE.
The New York Times descreve o Smer como esquerdista, populista e amigo da Rússia. O partido de Fico culpa, segundo o jornal, o governo de Kiev e a pressão do Ocidente pela guerra.
A campanha de Fico foi definida, segundo o The New York Times, pelo conservadorismo, nacionalismo, retórica anti-LGBT e promessas de generosas doações sociais, embaladas numa agenda antiliberal que foi eficaz em pequenas cidades e áreas rurais.
Para a analista Dominika Hajdu, em artigo publicado no The New York Times, a guerra na Ucrânia foi vista como uma questão secundária, durante as eleições eslovacas.
Os preços dos alimentos e dos combustíveis e uma divisão social entre o conservadorismo e o progressismo tiveram mais influência para o eleitor médio.
Segundo a Al Jazeera, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou que os parceiros de Fico no governo serão decisivos na definição da relação da Eslováquia com a Rússia e o resto da União Europeia.