Rússia exagera número de perdas ucranianas, diz Inteligência britânica
A tão esperada contraofensiva da Ucrânia para recuperar o território ocupado pela Rússia, no leste do país, finalmente, começou. Entretanto, uma autoridade de Moscou diz que os resultados não são tão favoráveis para a Kiev.
O ministro de Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, fez vários comentários preocupantes sobre as baixas que as Forças Armadas ucranianas sofreram ao atacar posições russas.
Em 6 de junho, Shoigu leu uma declaração na qual detalhava um ataque ucraniano frustrado que resultou em mais de 3.700 mortos ou feridos.
"Nos últimos três dias, o regime ucraniano lançou uma ofensiva, há muito, prometida em diferentes setores da frente", começa o ministro, de acordo com uma tradução fornecida pela Reuters.
"O inimigo foi parado, não atingiu seus objetivos e sofreu perdas significativas e incomparáveis", acrescentou Shoigu.
O ministro Shoigu disse que as forças russas foram responsáveis, em três dias, de 3.715 baixas à Ucrânia, que também perdeu 52 tanques e 200 veículos blindados.
De acordo com a Reuters, a Rússia não deixou claro como Shoigu obteve informações precisas sobre estes números. Mas o Ministério de Defesa do Reino Unido tem uma teoria.
Em 12 de junho, o órgão britânico sugeriu, em sua atualização diária de guerra, que Shoigu estava “quase certamente” a fazer afirmações exageradas sobre as perdas que a Ucrânia tem sofrido.
Entre 6 e 12 de junho, Shoigu esteve muito mais presente em público.
O objetivo do ministro Shoigu seria garantir a imagem de que mantém o controle da situação estratégica.
“Shoigu provavelmente está ciente da necessidade de manter uma imagem positiva diante das críticas cada vez mais desmascaradas de alguns colegas russos”, foram as palavras da inteligência britânica.
Shoigu tem estado periodicamente ausente da vista do público, a não ser quando envolve-se em desentendimentos com o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.
Em 12 de junho, Shoigu agiu para aumentar o controle do Ministério de Defesa sobre os muitos grupos paramilitares da Rússia, exigindo que todas as organizações assinassem contratos com o Estado.
Em um artigo para a Newsweek, a analista Isabel Van Brugen observou que esta mudança de comportamento poderia ser a resposta de Shoigu às críticas do chefe do grupo Wagner à liderança da Rússia. “Ele acusou o ministro de privar intencionalmente seus combatentes de munição e apoio”, disse.
Prigozhin disse, em seu canal no Telegram: "Essas ordens e decretos de Shoigu aplicam-se a funcionários do Ministério de Defesa e militares. Wagner não assinará nenhum contrato com Shoigu."
Segundo o Ministério de Defesa do Reino Unido, Shoigu pediu à indústria de defesa da Rússia para “redobrar seus esforços”.
Ele também criticou os oficiais do Distrito Militar Ocidental da Rússia por não enviar, com rapidez suficiente, seus veículos blindados de reserva para as linhas de frente.