Os progressos científicos para alcançarmos a vida eterna
É possível viver para sempre? Aubrey de Grey, famoso gerontólogo formado pela Universidade de Cambridge, acredita que sim. Por sua vez, outros pesquisadores afirmam que poderíamos facilmente prolongar nosso tempo de vida.
Imagem: Instituto Nacional do Câncer/Unsplash
Um estudo publicado na revista Nature apresenta um cálculo, segundo o qual o ser humano viveria, no máximo, 150 anos. O título do artigo é: "Análise longitudinal de marcadores sanguíneos revela perda progressiva de resiliência e prevê limite de expectativa de vida humana".
Imagem: Volodymyr Hryshchenko/Unsplash
Entretanto, a tese do cientista Aubrey de Grey vai além deste limite: diz que o envelhecimento é apenas uma doença, que pode ser tratada e curada.
Aubrey de Grey preside a Methuselah Foundation, uma instituição que levanta fundos para desenvolver a "senescência insignificante projetada". Trata-se de um tratamento complexo para reparar e regenerar os tecidos e, assim, frear, definitivamente, o envelhecimento.
Há muita discussão científica em torno das teorias de Aubrey de Grey. Mas uma coisa é certa, os principais especialistas da área admitem que os avanços médicos podem prolongar nossas vidas. Ainda não sabemos se esta sobrevida poderá ser para sempre, mas o investimento neste tipo de pesquisa é bastante alto.
Imagem: Syd Verma/Unsplash
Bezos contratou Hal Barron, antigo presidente da gigante farmacêutica GlaxoSmithKline, e o colocou no comando da Altos Lab. Foram injetados centenas de milhões de dólares nesta empresa de biotecnologia, fundada em 2022.
O objetivo da Altos Labs é decifrar a regeneração celular (com atenção especial à técnica de células-tronco), para que o envelhecimento possa ser freado ou até mesmo revertido.
O projeto Altos Labs pode ser comparado ao de Larry Page, fundador do Google: o Calico Labs, que também estuda a imortalidade.
A verdade é que há grandes fortunas por trás das pesquisas mais avançadas sobre o tema. O objetivo é adiar a morte ao máximo. E deve-se dizer que já há algum progresso.
Imagem: Giorgio Trovato/Unsplash
De acordo com um relatório do MIT Technology Review, a equipe da Altos Lab poderia contar com a colaboração de Shin'ya Yamanaka, ganhador do Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina.
Juntamente com John Gurdon (foto), Shin'ya Yamanaka foi premiado, em 2012, por descobrir como as células podem ser reprogramadas para tornarem-se "células pluripotentes".
O artigo do MIT Technology Review diz: "A grande descoberta de Yamanaka foi que, com a adição de apenas quatro proteínas (conhecidas como fatores Yamanaka), as células podem voltar a um estado primitivo, com as propriedades das células-tronco embrionárias".
Trata-se de fazer com que as células funcionem com uma potência juvenil. Daniel M Davis, da Universidade de Manchester, explica: "As células da pele de um adulto dividem-se cerca de 50 vezes, antes de parar. Mas as células da pele de um bebê recém-nascido podem dividir-se 80 ou 90 vezes. Por outro lado, as células de uma pessoa idosa dividem-se apenas cerca de 20 vezes."
Alguns pesquisadores argumentam que a "reprogramação" de células para evitar o envelhecimento é perigosa. Manuel Serrano, pesquisador espanhol radicado nos EUA, diz: "Para mim, os fatores Yamanaka não são realistas para o uso clínico (...), pois implicam a introdução de genes, alguns dos quais são oncogênicos”. Serrano é citado pelo MIT Technology Review como o novo colaborador da Altos Labs.
Apesar das diferenças com Yamanaka, Manuel Serrano também acredita que a ciência pode prolongar a vida. Ambos estariam na equipe da Altos Labs, liderado pelo poderoso Bezos. Tudo o que eles querem é a eternidade. E se congelarmos nosso corpo (ou nosso cérebro), poderíamos ser "ressuscitados" no futuro?
Imagem: Yassine Khalfalli/Unsplash
A criogenia de humanos é uma técnica que permite congelar o corpo inteiro, ou somente o cérebro, com o objetivo de "acordá-lo" no futuro. Mas, embora já funcionen com embriões e pequenos organismos, preservar tecidos adultos em baixas temperaturas e "revivê-los" é outra questão.
Segundo cientistas que criticam as empresas de criogenia, é impossível saber se os corpos (ou cérebros) congelados não foram destruídos pelo gelo. John Armitage, do banco de tecidos da Universidade de Bristol, disse à BBC: "Ainda não estamos na fase de criopreservação de órgãos".
Outra dificuldade fundamental é descongelar o corpo de tal modo que os órgãos não sofram nenhum dano. A maior parte da comunidade científica acredita que, no momento, a criônica não é uma possibilidade real para preservar um corpo, um órgão ou um tecido.
A propósito, a história de que Walt Disney estaria congelado é pura lenda urbana.
Congelamentos à parte, em 2017, um artigo publicado na revista Science referia-se a um grupo de pesquisadores, da Mayo Clinic School of Medicine, que conseguiu aumentar a expectativa de vida de camundongos em 25%. Com a técnica de reprogramação celular, esse tipo de sucesso vem se repetindo em vários laboratórios.
Imagem: Alexandr Gusev/Unsplash
Embora o ser humano seja muito mais complexo do que um rato, há um certo grau de otimismo na comunidade científica. Quase todos os pesquisadores acreditam que, num futuro próximo, seja possível viver mais de 100 anos, com boa saúde.
Imagem: Cristofer Maximilian / Unsplash