Stormfury, o ambicioso projeto que pretendia enfraquecer os furacões nos EUA
Nos Estados Unidos, onde os furacões têm forte impacto, foi lançada, entre as décadas de 1960 e 1980, uma ambiciosa iniciativa para tentar reduzir sua força.
Na foto, estragos causados pelo furacão Milton, em outubro de 2024.
O projeto, chamado Stormfury, buscava enfraquecer a intensidade dos ventos dos furacões e, assim, minimizar os danos causados por essas tempestades.
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A ideia da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), agência federal dos EUA para monitoramento climático, era testar a possibilidade de interferência humana no processo de formação de furacões.
A proposta central do projeto era enfraquecer as paredes do "olho" do furacão, a região central visível ao observar a tempestade de cima, onde se concentram os ventos mais intensos e destrutivos.
Isso poderia ser feito com iodeto de prata, um dos principais compostos usados na semeadura de nuvens para induzir chuva artificial.
Dessa forma, o iodeto de prata seria lançado no centro do furacão com o auxílio de aviões, semeando a área ao redor de suas paredes e promovendo a formação de uma nova parede no olho da tempestade.
Essa nova estrutura seria maior que a original, o que resultaria em uma diminuição da força de seus ventos, devido à redução do gradiente de pressão.
Mesmo uma pequena redução na velocidade dos ventos seria vantajosa, pois traria uma diminuição significativa em seu poder destrutivo.
Ao colocar a técnica em prática em tempestades no mar, longe do continente, os primeiros resultados mostraram que os furacões perdiam entre 10% e 30% de sua intensidade, indicando que o método parecia funcionar, relatou a revista Super Interessante.
No entanto, posteriormente, os pesquisadores observaram que furacões não semeados frequentemente passam por mudanças estruturais semelhantes às esperadas em furacões semeados.
Essa descoberta lançou dúvidas sobre os sucessos relatados do Stormfury, uma vez que as mudanças observadas poderiam ter explicação natural.
O último voo experimental ocorreu em 1971, devido à falta de tempestades adequadas e à renovação da frota da NOAA.
Mais de uma década após esse último experimento de semear o furacão, o Projeto Stormfury foi oficialmente cancelado.
Embora o projeto não tenha atingido seu objetivo de reduzir a força destrutiva dos furacões, seus dados de observação e pesquisas sobre o ciclo de vida das tempestades contribuíram para melhorar a capacidade dos meteorologistas de prever a trajetória e intensidade dos furacões.
Atualmente, a agência NOAA trabalha em aprimorar as previsões meteorológicas, visando preparar a sociedade para a chegada de furacões e reduzir seus danos.
“A melhor solução não é tentar alterar ou destruir os ciclones tropicais, mas simplesmente aprender a coexistir com eles”, afirmou a agência americana, citada pela Super Interessante.
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