Ucrânia enfrenta sérios problemas para recrutar soldados
A Ucrânia tem pouca munição e está em desvantagem militar, já que seu inimigo possui um arsenal muito mais poderoso. Mas, talvez seja o problema da falta de mão de obra o maior.
Em dezembro de 2023, Zelensky revelou, durante uma conferência de imprensa, que os militares propuseram mobilizar de 450 a 500 mil novos soldados. No entanto, o plano não foi posto em ação.
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"Eu precisaria de mais argumentos para apoiar esta decisão", disse o Presidente da Ucrânia, de acordo com a Reuters. Segundo ele, a questão envolve pessoas, justiça, capacidade de defesa e disponibilidade financeira.
Os comentários de Zelensky foram uma das primeiras indicações públicas de que a Ucrânia sofria severamente com a falta de mão de obra. A situação não melhorou desde então e atormenta as Forças Armadas Ucranianas.
O Washington Post informou que Zelensky e os seus oficiais militares não apresentaram um plano para recrutar os milhares de soldados de que a Ucrânia precisa, algo essencial para continuar a luta contra os ataques russos.
Dois anos após o início do conflito, a Ucrânia tem uma força militar de cerca de 1,1 milhão de homens, de acordo com a Foreign Policy. No entanto, o Washington Post informou que apenas cerca de 300 mil soldados lutaram nas linhas de frente.
A Ucrânia enfrenta uma etapa perigosa da guerra. A falta de mão de obra tornou-se uma "crise estratégica" e pode ser um dos vários problemas que contribuíram para a queda de Avdiivka para os russos, em fevereiro.
"É bem possível que os russos aproximem-se mais, se não houver ninguém para impedi-los", explicou Oleksiy Bezhevets, funcionário do Ministério da Defesa. "A falta de munição, armas, projéteis e pessoal é uma tragédia", acrescentou.
Um artigo assinado por Siobhán O'Grady e Serhii Korolchuk, no Washington Post, observou que a questão fez com que os militares dependessem de uma variedade de esforços de recrutamento, deixando a população mais velha do país, em idade de combate, preocupada com seu futuro.
“Os soldados estão cansados, física e mentalmente”, explicou Myroslav Borysenko, ex-professor de história na Universidade Nacional Taras Shevchenko e atual oficial de artilharia, à Foreign Policy.
Antes da invasão russa, a Ucrânia exigia que todos os homens fisicamente aptos servissem entre 12 e 18 meses nas forças armadas, antes de atingirem os 27 anos de idade. No entanto, esse sistema foi abandonado quando a guerra começou, em fevereiro de 2022.
Hoje, todos os homens ucranianos saudáveis, com idades entre 27 e 60 anos, podem ser convocados para o serviço a qualquer momento, independentemente de terem ou não experiência militar. Aqueles com 18 anos ou mais também podem se voluntariar para ingressar no exército.
O sistema atual não tem funcionado devido à diminuição do número de voluntários. Apesar da urgência, a Ucrânia ainda não implementou um novo recrutamento, que possa alimentar suas forças armadas para continuar a luta contra a Rússia.
Em 26 de fevereiro, Zelensky assinou uma ordem executiva que desmobilizou todos os soldados recrutados que atingiram o prazo de serviço, de acordo com a análise do The Kyiv Independent sobre a nova legislação.
O Comitê de Segurança e Defesa Nacional do parlamento ucraniano acrescentou uma cláusula à nova legislação que permitirá que os ex-recrutas adiem outra mobilização por 12 meses, após a desmobilização.
De acordo com O'Grady e Korolchuk, a questão do recrutamento tornou-se o problema central a ser enfrentado por Zelensky.
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