Ucrânia ganha batalhas, mas Zelensky pode vencer a guerra?
Enquanto o mundo estava focado no falecimento da Rainha Elizabeth II ou na lembrança do 11 de setembro, as tropas ucranianas conseguiram uma vitória, da noite para o dia, no nordeste do país.
As tropas invasoras concentravam-se no sudeste, na província costeira de Kherson, e os combatentes ucranianos fizeram uma ofensiva surpresa em Kharkiv, que deixou muitos no Kremlin preocupados.
As tropas russas que mantinham sua base dentro e ao redor de Kharkiv, há meses, foram repentinamente empurradas para trás, forçando o Kremlin a decidir se reforçaria seu exército no sul ou tentaria lutar na contra-ofensiva da Ucrânia.
Segundo The New York Times, os soldados russos também enfrentaram problemas no sul, na região de Kherson, a oeste do rio Dnipro.
A Ucrânia afirma ter recuperado território em Kherson, dividindo e isolando as forças invasoras russas.
Segundo a BBC, as forças ucranianas conseguiram recuperar mais de 3.000 quilômetros quadrados, em apenas alguns dias.
Se colocarmos esta conquista em perspectiva, segundo The New York Times, a Ucrânia ganhou mais território em uma semana do que a Rússia em quatro meses.
A BBC destaca dois fatores-chave para a vitória da Ucrânia na região de Kharkiv. Em primeiro lugar, o elemento surpresa nestes ataques relâmpagos.
Em segundo lugar, estão as armas fornecidas pelo Ocidente, como lançadores de foguetes múltiplos de longo alcance.
Há também revelações da inteligência dos EUA que alegam que a Rússia tem procurado adquirir projéteis de artilharia da Coreia do Norte, o que poderia refletir o esgotamento de sua munição, após mais de seis meses de guerra.
The Guardian, por sua vez, diz que as tropas russas recuam em tal ritmo a ponto de abandonar armas e munições armazenadas.
Mais informações sobre esta possível virada de jogo dá a Associated Press. Segundo a agência, as autoridades de Kiev, supostamente, têm, hoje, tantos prisioneiros de guerra russos que quase não há espaço para colocá-los.
Os chocantes imprevistos militares da Rússia foram sentidos em casa, onde, de acordo com The New York Times, a imagem de Putin como um estrategista brilhante foi questionada.
“Já está claro que subestimamos o inimigo”, comentou um analista militar do tabloide russo Moskovsky Komsomolets, citado pela BBC. “Sofremos uma derrota e tentamos minimizar a perda retirando nossas tropas, para que não fossem cercadas”.
Preocupações pelo quanto arrasta-se a guerra na Ucrânia fizeram com que mais de 40 autoridades eleitas russas assinassem uma petição, na qual solicita-se a renúncia de Vladimir Putin como presidente da Rússia, garante The New York Times.
Além do mais, de acordo com The Guardian, o alto comando ucraniano afirma que o governo russo parou de enviar novas tropas para o front.
No entanto, apesar do otimismo, o ministro de Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, alertou que a Rússia poderia preparar um contra-ataque no leste.
A luta da Ucrânia em duas frentes, Kharkiv e Kherson, deixam outras expostas e podem acabar sendo uma aposta arriscada, segundo a BBC.
A grande questão, claro, é se as batalhas vencidas são suficientes para ganhar a guerra.