Deserções em brigada ucraninana treinada pela França preocupa a Ucrânia
Cerca de 1.700 soldados desertaram da 155ª Brigada Mecanizada da Ucrânia, antes de ela ser enviada para uma das partes mais perigosas da linha de frente — o setor de Pokrovsk.
Crédito da foto: Telegrama @ButusovPlus
É o que alega o jornalista ucraniano e editor-chefe do site de notícias 'Censor', Yuriy Butusov, que também acrescentou, de acordo com a Interfax-Ucrânia: "Um dos líderes responsáveis pela formação da brigada morreu de ataque cardíaco, e o comandante da brigada foi demitido imediatamente após a brigada entrar na batalha".
O Departamento de Investigação do Estado Ucraniano (SBI) abriu uma investigação sobre o caso, revelou sua assessora de comunicação, Tetiana Sapyan, à Interfax-Ucrânia.
"O SBI está de fato a estudar as alegações apresentadas na mídia no âmbito de processos criminais iniciados sob os Artigos 426-1 (abuso de poder ou autoridade oficial por um militar) e Artigo 408 (deserção) do Código Penal da Ucrânia", disse Sapyan, de acordo com a Interfax-Ucrânia.
“A investigação está em andamento. É muito cedo para falar sobre quaisquer resultados preliminares", Sapyan continuou.
Apelidada de brigada "Ana de Kiev", em homenagem à popular princesa de Kiev do século XI que mais tarde se tornou rainha da França, a 155ª Brigada Mecanizada da Ucrânia foi parcialmente treinada na França para operar armas francesas.
De acordo com o Business Insider, a brigada tem 5.800 soldados, 2.000 dos quais passaram por treinamento na França em 2024. A brigada foi visitada pelo presidente francês Emmanuel Macron durante um evento de alto nível em outubro.
A 155ª Brigada Mecanizada foi abastecida com 18 veículos blindados AMX, bem como várias outras armas ocidentais poderosas, informou o Business Insider.
Conta com 128 veículos blindados de transporte de tropas, 18 canhões obuseiros autopropulsados Caesar montados em caminhões e o famoso tanque principal alemão Leopard 2A4, um dos mais avançados doados à Ucrânia.
A 155ª Brigada Mecanizada deveria ser enviada às linhas de frente em novembro de 2024, mas, em dezembro, começaram a surgir relatos sobre vários problemas que enfrentava.
O jornalista Butusov disse que a criação da brigada, seus comandantes, a falta de drones e equipamentos de guerra eletrônica e a relativa inexperiência precisavam ser questionados.
Suas alegações atraíram a atenção de políticos e líderes militares ucranianos, de acordo com o Business Insider.
"Talvez seja pura i d i o t i c e criar novas brigadas e equipá-las com novas tecnologias enquanto as existentes estão com falta de efetivo", ironizou o tenente-coronel Bohdan Krotevych, chefe do Estado-Maior da Brigada Azov da Ucrânia, em uma publicação no X traduzida pelo Business Insider.
Já o comandante-chefe da Ucrânia, general Oleksandr Syrskyi, demonstrou interesse especial na situação e ordenou que a brigada fosse reforçada.
"Dei atenção especial ao desenvolvimento das capacidades da unidade de sistemas não tripulados da 155ª Brigada Mecanizada, bem como às questões problemáticas que precisam ser resolvidas", disse Syrskyi, segundo o The Kyiv Independent.
A 155ª Brigada Mecanizada foi criada para servir como um projeto emblemático sobre como os países da OTAN treinariam e equipariam as forças ucranianas, de acordo com o The Kyiv Independent. Os problemas que surgiram podem fazer com que alguns questionem o valor de tal treinamento no futuro.
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